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CINEMA
Comédia norte-americana que guarda semelhanças com o maior assalto a banco na história do Brasil reestréia em SP
Furto resgata "Trapaceiros" de Woody Allen
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto a Polícia Federal quebra a cabeça para descobrir o paradeiro dos ladrões que furtaram
o Banco Central de Fortaleza no
último fim de semana, Woody
Allen "volta" a São Paulo para dar
pistas de como foi arquitetado o
maior assalto a banco no Brasil.
Seu filme "Trapaceiros" (2000),
que conta esquema semelhante,
reestréia amanhã na cidade.
Nele, o vigarista Ray (Allen) levanta US$ 18 mil (R$ 41.671) para
realizar seu golpe: assaltar um
banco em Nova York (EUA). Para
isso, aluga um imóvel perto do local e tenta cavar um túnel que desemboque embaixo do cofre.
"O cinema copia muita coisa da
realidade, mas esta foi daquelas
vezes em que a realidade superou
a ficção", diz o diretor de programação do Vitrine, Adhemar Oliveira. "Estava tomando café com
colegas, e comentávamos sobre o
assalto. Pensamos em fazer um ciclo sobre golpes semelhantes."
Os americanos da ficção cavaram menos, já que o imóvel alugado -uma antiga pizzaria que
se transforma na Sunset Cookies,
lojinha de doces de fachada, aberta ao público- estava a "duas
portas" do banco. Em Fortaleza, a
casa -que virou Gramas Sintéticas, empresa de fachada de venda
de grama, que não atendia ao público- fica a um quarteirão do
cofre; foram cerca de 80 metros de
escavação para o túnel.
Segundo a polícia, o bando é
formado por seis a dez homens. O
dinheiro seria dividido em mais
partes que no filme (com quatro
ladrões), mas ainda sai em vantagem em relação à ficção. Nela, os
personagens vislumbram US$ 2
milhões (R$ 4,6 milhões); já o BC
perdeu R$ 150 milhões.
Em "Trapaceiros", Ray usa um
mapa de ponta-cabeça, e o grupo
sai, pelo túnel durante um domingo, em lugar errado, uma loja de
roupas. Antes, diz que um policial
lhe informara sobre a localização
exata do cofre. No Brasil, suspeita-se que os bandidos, que agiram
durante o fim de semana, conheciam pessoas ligadas ao banco.
Se o filme é uma comédia em
que o assalto abre novas perspectivas, na vida real avista-se mais
um drama. Segundo técnicos do
governo e as regras em vigor, o
prejuízo do banco poderá recair
sobre os contribuintes.
Trapaceiros
Onde: Cineclube Vitrine (r. Haddock
Lobo, 1.307, SP, tel. 0/xx/11/3085-7684)
Quando: a partir de amanhã, às 20h
Quanto: R$ 10 a R$ 13
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