São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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CINEMA

Comédia norte-americana que guarda semelhanças com o maior assalto a banco na história do Brasil reestréia em SP

Furto resgata "Trapaceiros" de Woody Allen

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a Polícia Federal quebra a cabeça para descobrir o paradeiro dos ladrões que furtaram o Banco Central de Fortaleza no último fim de semana, Woody Allen "volta" a São Paulo para dar pistas de como foi arquitetado o maior assalto a banco no Brasil. Seu filme "Trapaceiros" (2000), que conta esquema semelhante, reestréia amanhã na cidade.
Nele, o vigarista Ray (Allen) levanta US$ 18 mil (R$ 41.671) para realizar seu golpe: assaltar um banco em Nova York (EUA). Para isso, aluga um imóvel perto do local e tenta cavar um túnel que desemboque embaixo do cofre.
"O cinema copia muita coisa da realidade, mas esta foi daquelas vezes em que a realidade superou a ficção", diz o diretor de programação do Vitrine, Adhemar Oliveira. "Estava tomando café com colegas, e comentávamos sobre o assalto. Pensamos em fazer um ciclo sobre golpes semelhantes."
Os americanos da ficção cavaram menos, já que o imóvel alugado -uma antiga pizzaria que se transforma na Sunset Cookies, lojinha de doces de fachada, aberta ao público- estava a "duas portas" do banco. Em Fortaleza, a casa -que virou Gramas Sintéticas, empresa de fachada de venda de grama, que não atendia ao público- fica a um quarteirão do cofre; foram cerca de 80 metros de escavação para o túnel.
Segundo a polícia, o bando é formado por seis a dez homens. O dinheiro seria dividido em mais partes que no filme (com quatro ladrões), mas ainda sai em vantagem em relação à ficção. Nela, os personagens vislumbram US$ 2 milhões (R$ 4,6 milhões); já o BC perdeu R$ 150 milhões.
Em "Trapaceiros", Ray usa um mapa de ponta-cabeça, e o grupo sai, pelo túnel durante um domingo, em lugar errado, uma loja de roupas. Antes, diz que um policial lhe informara sobre a localização exata do cofre. No Brasil, suspeita-se que os bandidos, que agiram durante o fim de semana, conheciam pessoas ligadas ao banco.
Se o filme é uma comédia em que o assalto abre novas perspectivas, na vida real avista-se mais um drama. Segundo técnicos do governo e as regras em vigor, o prejuízo do banco poderá recair sobre os contribuintes.


Trapaceiros
Onde:
Cineclube Vitrine (r. Haddock Lobo, 1.307, SP, tel. 0/xx/11/3085-7684)
Quando: a partir de amanhã, às 20h
Quanto: R$ 10 a R$ 13


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