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MC5 incorpora o espírito revolucionário do rock
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Irmãos e irmãs, eu quero que
todos façam barulho, quero ouvir
uma revolução (...). Chegou a hora de cada um de vocês decidir se
vai ser o problema ou se vai ser a
solução (...). É hora de vocês testemunharem, irmãos e irmãs. Eu
quero saber, vocês estão prontos
para testemunhar? Eu lhes dou
um testemunho: o MC5!"
Com esse clima de pregação religiosa e filosofia revolucionária
típica da época (1968), começava
o show (que viraria o disco "Kick
Out the Jams") do MC5, quinteto
da cidade motor, Detroit (EUA).
É esse mesmo espírito que a banda promete trazer para sua apresentação no Campari Rock, no sábado, na qual terá como vocalista
o ex-Mudhoney Mark Arm.
Antes disso, a banda faz uma
sessão de autógrafos hoje, às 16h,
na London Calling CDs (r. 24 de
Maio, 116, loja 15, centro, São Paulo, tel. 0/xx/11/223-5300), e participa de um debate amanhã, às
19h, na Fnac Paulista (av. Paulista,
901, Bela Vista, São Paulo, tel. 0/
xx/11/2123-2000).
Em entrevista à Folha, o guitarrista Wayne Kramer, criador e líder da banda, falou sobre o show.
Folha - Vocês vêm ao país com
três integrantes originais e dois
convidados. O que muda no som da
banda com essa formação?
Wayne Kramer - A idéia da banda
sempre muda. Não é mais como
era antigamente, é uma plataforma de experiências, é um trabalho
em construção. Mas nós continuamos fiéis ao espírito do MC5,
apesar de não termos todos os integrantes originais. Ainda há a
alegria de tocar música para as
pessoas, de dizer algo, contar uma
história que pode ajudar alguém.
Há um momento nos shows em
que a banda e a platéia ficam conectadas, é isso que tentamos
conseguir nas apresentações,
quebrar as barreiras entre o palco
e o público.
Folha - Esse interesse em contar
histórias não perde energia à medida que a banda envelhece?
Kramer - Discordo completamente. Pablo Picasso continuou a
fazer obras cada vez melhores.
Música, e a arte em geral, é um
modo de vida. Ela continua a se
aprofundar e a ficar cada vez mais
rica se o artista continuar trabalhando, estudando, tendo paixão.
O que nos manteve atuais foi o
conceito do nosso trabalho, os temas atemporais que narramos.
Folha - Ainda há uma revolução a
ser feita? Ela pode vir pela música?
Kramer - Nós éramos parte de
um senso comum entre todas as
pessoas da nossa geração, de que
a direção em que os EUA estavam
indo era errada. Fazíamos parte
disso, denunciávamos isso e contribuíamos como podíamos. Não
acho que isso tenha mudado. É
responsabilidade do artista estar
ligado a seu tempo. Claro que é
uma visão ingênua achar que a
música pode mudar tudo, mas ela
tem um papel importante na mudança política. Você luta e perde,
luta e perde, até que um dia vence.
E aí recomeça novamente. É um
processo lento.
Campari Rock - MC5
Quando: sábado, às 2h30
Onde: Fábrica da Lapa (av. Mofarrej,
1.267, Lapa, São Paulo)
Quanto: R$ 70 (mais informações no
site www.camparirock.com.br)
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