São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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MC5 incorpora o espírito revolucionário do rock

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Irmãos e irmãs, eu quero que todos façam barulho, quero ouvir uma revolução (...). Chegou a hora de cada um de vocês decidir se vai ser o problema ou se vai ser a solução (...). É hora de vocês testemunharem, irmãos e irmãs. Eu quero saber, vocês estão prontos para testemunhar? Eu lhes dou um testemunho: o MC5!"
Com esse clima de pregação religiosa e filosofia revolucionária típica da época (1968), começava o show (que viraria o disco "Kick Out the Jams") do MC5, quinteto da cidade motor, Detroit (EUA). É esse mesmo espírito que a banda promete trazer para sua apresentação no Campari Rock, no sábado, na qual terá como vocalista o ex-Mudhoney Mark Arm.
Antes disso, a banda faz uma sessão de autógrafos hoje, às 16h, na London Calling CDs (r. 24 de Maio, 116, loja 15, centro, São Paulo, tel. 0/xx/11/223-5300), e participa de um debate amanhã, às 19h, na Fnac Paulista (av. Paulista, 901, Bela Vista, São Paulo, tel. 0/ xx/11/2123-2000).
Em entrevista à Folha, o guitarrista Wayne Kramer, criador e líder da banda, falou sobre o show.

 

Folha - Vocês vêm ao país com três integrantes originais e dois convidados. O que muda no som da banda com essa formação?
Wayne Kramer -
A idéia da banda sempre muda. Não é mais como era antigamente, é uma plataforma de experiências, é um trabalho em construção. Mas nós continuamos fiéis ao espírito do MC5, apesar de não termos todos os integrantes originais. Ainda há a alegria de tocar música para as pessoas, de dizer algo, contar uma história que pode ajudar alguém. Há um momento nos shows em que a banda e a platéia ficam conectadas, é isso que tentamos conseguir nas apresentações, quebrar as barreiras entre o palco e o público.

Folha - Esse interesse em contar histórias não perde energia à medida que a banda envelhece?
Kramer -
Discordo completamente. Pablo Picasso continuou a fazer obras cada vez melhores. Música, e a arte em geral, é um modo de vida. Ela continua a se aprofundar e a ficar cada vez mais rica se o artista continuar trabalhando, estudando, tendo paixão. O que nos manteve atuais foi o conceito do nosso trabalho, os temas atemporais que narramos.

Folha - Ainda há uma revolução a ser feita? Ela pode vir pela música?
Kramer -
Nós éramos parte de um senso comum entre todas as pessoas da nossa geração, de que a direção em que os EUA estavam indo era errada. Fazíamos parte disso, denunciávamos isso e contribuíamos como podíamos. Não acho que isso tenha mudado. É responsabilidade do artista estar ligado a seu tempo. Claro que é uma visão ingênua achar que a música pode mudar tudo, mas ela tem um papel importante na mudança política. Você luta e perde, luta e perde, até que um dia vence. E aí recomeça novamente. É um processo lento.


Campari Rock - MC5
Quando:
sábado, às 2h30
Onde: Fábrica da Lapa (av. Mofarrej, 1.267, Lapa, São Paulo)
Quanto: R$ 70 (mais informações no site www.camparirock.com.br)


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