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MÚSICA
Banda promove lançamento de seu quinto disco "Procedimento" em show, hoje, na choperia do Sesc Pompéia
Bojo refaz aposta na improvisação
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não espere ouvir o Bojo tocando as músicas do novo CD, "Procedimento". Pelo menos não da
maneira como elas estão registradas no álbum, ainda que o motivo
do show de hoje, no Sesc Pompéia, seja o lançamento desse disco.
O improviso, uma das características mais instigantes do grupo,
é o que dá o tom a essa apresentação e o que norteou as gravações
do quinto trabalho da banda, que,
segundo o instrumentista Maurício Bussab, 42, "é seu disco mais
Bojo". "É o mais parecido com o
show, quando a gente nunca sabe
o que vai acontecer", afirma.
Jazz eletrônico, definição que
persegue o quarteto desde que ele
colocou o álbum "Bojo" na internet, em 1999 -época em que isso
era novidade no Brasil-, ainda é
a maneira mais fácil de situar
"Procedimento" nas prateleiras.
"Para mim, o que melhor define
o jazz é a liberdade, e não o que o
[Wynton] Marsalis diz que é
jazz", explica Bussab. "A eletrônica usamos a serviço da música."
Muitas faixas desse disco devem
soar familiares para quem assistiu
a performances como a do festival
sonarsound, em 2004. Antes de
gravar o álbum, o Bojo adotou o
"procedimento" de experimentar
as composições ao vivo, e só depois ir para o estúdio.
"O disco foi feito em três dias,
mas há dois anos tocamos essas
músicas", conta Bussab. Isso não
impediu que boa parte do CD tenha saído no improviso. "As três
[faixas] "Procedimento 1, 2, 3" ao
vivo não tinham letra. Elas vieram
praticamente de uma mesma música tocada de um jeito diferente",
lembra o baixista Du Moreira, 33.
As letras, por sua vez, que na
maioria das vezes soam sem nenhum sentido, como em "Procedimento 2" ("No seu ó, da caixa/
Conserva, conserva"), seguem as
regras da "bojologia". Os "bojólogos" são cerca de 300 pessoas que
participam de jogos propostos
pela banda por e-mail desde 1999.
"A lista de 70 palavras do [disco] "Vocabulário" foi escolhida
pela bojologia", esclarece Bussab
sobre o processo que levou ao álbum lançado em 2002, em que cada palavra correspondia a uma
micromúsica. "Procedimento 3"
("minguante pelas sobras da dureza/ chinelo esporte, inválido teu
osso..."), por exemplo, é uma deturpação do hino nacional.
É por essas e outras que o novo
disco do Bojo, mesmo depois da
bem-sucedida parceria com Maria Alcina -que rendeu o CD
"Agora"-, deve se restringir aos
fãs do experimentalismo.
"O Bojo ficou mais conhecido
sim depois da Maria Alcina, mas
não acho que as pessoas que iam a
esse show estarão no Sesc Pompéia", diz Bussab. "A gente não
quer ser esquisito." Mas é...
Bojo
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sesc Pompéia - Choperia (r. Clélia,
93, Lapa, SP, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 5 a R$ 15
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