|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRÊMIO
Anúncio da vitória de "Budapeste" na categoria ficção, após receber Menção Honrosa como romance, gera polêmica
Caco Barcellos e Chico ganham Jabuti
LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO
A Câmara Brasileira do Livro
(CBL) anunciou na noite de anteontem os vencedores do prêmio
máximo da 46ª edição do Jabuti,
no valor de de R$ 15 mil, em cerimônia realizada no Memorial da
América Latina, em São Paulo.
O livro-reportagem "Abusado"
(Record), do jornalista Caco Barcellos, foi eleito o Livro do Ano
Não-Fição, e o romance "Budapeste" (Companhia das Letras),
do compositor e escritor Chico
Buarque de Hollanda, o Livro do
Ano Ficção.
Durante o evento foram entregues os troféus aos contemplados
das 17 categorias deste ano. Cada
ganhador recebeu R$ 1.000.
Logo após aplaudir a conquista
de Caco Barcellos, a platéia silenciou diante do anúncio da vitória
de "Budapeste". Um: Chico não
estava presente para receber a homenagem. Dois: "Budapeste" não
fora eleito pelos jurados como o
vencedor da categoria romance,
tendo recebido Menção Honrosa
(3º lugar).
Segundo José Luiz Goldfarb, curador do Jabuti há 14 anos, um resultado como esse gera polêmica,
mesmo considerando que o júri
que elege os vencedores das categorias não seja formado pelos
mesmos integrantes daquele que
vota para a eleição do Livro do
Ano. Além disso, para esta última,
são reunidos em uma única cédula todos as obras de ficção e não-ficção contempladas, independentemente do gênero e assunto.
"Há quem não concorde que os
livros que recebem Menção Honrosa [2º e 3º de cada categoria]
concorram ao Livro do Ano. Por
outro lado, há aqueles que defendem que todos os finalistas, inclusive, os que não ganharam, possam concorrer ao prêmio máximo", diz Goldfarb.
"Foi o que aconteceu em 2000.
"À Sombra do Cipreste", [livro de
contos de Menalton Braff], não
estava entre os três primeiros colocados, mas ganhou o Livro do
Ano. Muitos criticaram", lembra
o curador. "Optamos por manter
entre os concorrentes os vencedores e aqueles que receberam Menção Honrosa dos jurados das categorias e não incluir todos os finalistas, mas estamos abertos a
sugestões e críticas".
Chico Buarque não pôde comparecer ao evento, pois está na
Europa lançando a edição em inglês de "Budapeste". Correspondente da Globo em Paris, Caco
Barcellos fez o caminho contrário,
veio de lá para receber a estatueta.
"Abusado" foi o vencedor da categoria Reportagem e Biografia.
Antes mesmo de saber que sairia da festa com dois troféus nas
mãos, Barcellos disse estar muito
feliz, apesar das muitas tristezas
que passou ao longo dos cinco
anos que levou para escrever
"Abusado", reportagem sobre as
corporações do tráfico de drogas
no Rio de Janeiro. "Cada vez que
morria alguém a investigação
precisava ser refeita. Escrevia ao
mesmo tempo em que as coisas
estavam acontecendo, e ainda estão. Reescrevi muitas vezes porque a realidade se reescrevia".
Ao receber o prêmio, o jornalista lembrou ainda da ajuda que recebeu de traficantes que lhe confiaram histórias e foram mortos
por isso e homenageou o colega
jornalista Tim Lopes.
Texto Anterior: "Quem Tem Medo do Escuro?": Em novo romance, Sheldon faz "manual estilístico" do best-seller Próximo Texto: Novo espaço: Pinheiros ganha maior Sesc de São Paulo Índice
|