São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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PRÊMIO

Anúncio da vitória de "Budapeste" na categoria ficção, após receber Menção Honrosa como romance, gera polêmica

Caco Barcellos e Chico ganham Jabuti

LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou na noite de anteontem os vencedores do prêmio máximo da 46ª edição do Jabuti, no valor de de R$ 15 mil, em cerimônia realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo.
O livro-reportagem "Abusado" (Record), do jornalista Caco Barcellos, foi eleito o Livro do Ano Não-Fição, e o romance "Budapeste" (Companhia das Letras), do compositor e escritor Chico Buarque de Hollanda, o Livro do Ano Ficção.
Durante o evento foram entregues os troféus aos contemplados das 17 categorias deste ano. Cada ganhador recebeu R$ 1.000.
Logo após aplaudir a conquista de Caco Barcellos, a platéia silenciou diante do anúncio da vitória de "Budapeste". Um: Chico não estava presente para receber a homenagem. Dois: "Budapeste" não fora eleito pelos jurados como o vencedor da categoria romance, tendo recebido Menção Honrosa (3º lugar).
Segundo José Luiz Goldfarb, curador do Jabuti há 14 anos, um resultado como esse gera polêmica, mesmo considerando que o júri que elege os vencedores das categorias não seja formado pelos mesmos integrantes daquele que vota para a eleição do Livro do Ano. Além disso, para esta última, são reunidos em uma única cédula todos as obras de ficção e não-ficção contempladas, independentemente do gênero e assunto.
"Há quem não concorde que os livros que recebem Menção Honrosa [2º e 3º de cada categoria] concorram ao Livro do Ano. Por outro lado, há aqueles que defendem que todos os finalistas, inclusive, os que não ganharam, possam concorrer ao prêmio máximo", diz Goldfarb.
"Foi o que aconteceu em 2000. "À Sombra do Cipreste", [livro de contos de Menalton Braff], não estava entre os três primeiros colocados, mas ganhou o Livro do Ano. Muitos criticaram", lembra o curador. "Optamos por manter entre os concorrentes os vencedores e aqueles que receberam Menção Honrosa dos jurados das categorias e não incluir todos os finalistas, mas estamos abertos a sugestões e críticas".
Chico Buarque não pôde comparecer ao evento, pois está na Europa lançando a edição em inglês de "Budapeste". Correspondente da Globo em Paris, Caco Barcellos fez o caminho contrário, veio de lá para receber a estatueta. "Abusado" foi o vencedor da categoria Reportagem e Biografia.
Antes mesmo de saber que sairia da festa com dois troféus nas mãos, Barcellos disse estar muito feliz, apesar das muitas tristezas que passou ao longo dos cinco anos que levou para escrever "Abusado", reportagem sobre as corporações do tráfico de drogas no Rio de Janeiro. "Cada vez que morria alguém a investigação precisava ser refeita. Escrevia ao mesmo tempo em que as coisas estavam acontecendo, e ainda estão. Reescrevi muitas vezes porque a realidade se reescrevia".
Ao receber o prêmio, o jornalista lembrou ainda da ajuda que recebeu de traficantes que lhe confiaram histórias e foram mortos por isso e homenageou o colega jornalista Tim Lopes.


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