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O soldado Ryan celebra a identidade perdida dos EUA
RONALD STEEL
da "The New Republic"
Apesar de explorar o horror da
guerra, "O Resgate do Soldado
Ryan" é uma celebração do orgulho e patriotismo nacionais.
Antigamente o patriotismo andava de mãos dadas com a cidadania e a identidade cultural. Os
americanos eram originários de
todas as partes do planeta, mas
procuravam fundir aquilo que haviam sido anteriormente com a
nova cultura em que ingressavam.
Ser americano significava não apenas possuir um passaporte americano, mas compartilhar identidade cultural e lealdade política.
Hoje, para muitas pessoas, essa
idéia soa antiquada. Essa mudança
não se deve a uma causa única. Entre elas, se destacam a imigração, o
multiculturalismo, globalização.
Mas o efeito cumulativo desses
fatores tem sido o de solapar o alicerce de coesão e identidade nacional. E, como resultado, os EUA podem estar se transformando na
primeira sociedade pós-nacional.
De cada dez pessoas que vivem
no país, uma nasceu em outro país.
O que torna as estatísticas significativas, nesse caso, não é tanto o
número de imigrantes, nem mesmo sua natureza, mas o contexto
no qual essa imigração se dá.
Esse contexto é dominado pelo
fenômeno ao qual chamamos multiculturalismo -ele rejeita o conceito de uma cultura americana
única. Ao enfatizar as partes, ele
desvaloriza e macula o todo.
Na medida em que o multiculturalismo encoraja as pessoas a se orgulharem de suas origens étnicas,
ele pode enriquecer a nação. Mas,
ao celebrar as diferenças, pode
transformá-las em barreiras.
Hoje a cidadania americana é
muito mais fácil de se conseguir e
difícil de se perder do que era antigamente. A maioria dos países
com grande número de imigrantes
nos Estados Unidos hoje permite e
até incentiva a dupla cidadania.
Com isso, as fronteiras e as barreiras parecem antiquadas.
Enquanto isso, a globalização, ao
mesmo tempo que elimina o tempo, a distância, as fronteiras e as
identidades de empresas, exerce
um efeito profundo sobre as lealdades culturais e políticas dos cidadãos nascidos nos EUA.
Talvez seja esse o rumo que o
mundo está seguindo. Talvez os
EUA sejam o primeiro país a ingressar no mundo do século 21: um
mundo sem barreiras, sem bandeiras, sem heróis e sem lealdades.
Talvez não importe que está se
tornando mais difícil para nós definirmos quem somos, enquanto
povo, no que acreditamos e pelo
que estaríamos dispostos a lutar.
E, se isso for verdade, talvez seja
por esse motivo que os americanos, este mês, estão celebrando o
humilde soldado Ryan -por nos
fazer lembrar que houve uma época em que isso era importante.
²
Tradução
Clara Allain
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