São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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FESTIVAL
Cineasta e artista brasileiro participaram de filme lançado hoje
Babenco e Nelson Leirner passam na tela em Veneza

AMIR LABAKI
enviado especial a Veneza

"The Venice Project" (O Projeto Veneziano), que tem lançamento mundial hoje à noite, traz um toque brasileiro ao crepúsculo do festival deste ano. O cineasta Hector Babenco e o artista plástico Nelson Leirner têm breves mas marcantes participações no misto de documentário e ficção, dirigido por Robert Dornhelm, nos bastidores da corrente 48ª Bienal de Arte de Veneza.
Em tom de brincadeira, o futuro da arte é discutido pelo cruzamento de tramas envolvendo dois momentos (1699 e 1999) de uma nobre família veneziana. Babenco participa do enredo contemporâneo, além de ter dirigido algumas cenas adicionais. Faz um cineasta conquistador, Danilo Danuzzi, convidado para a grande festa durante a Bienal, organizada pela condessa veneziana Camilla (Lauren Bacall).
Babenco aparece principalmente depondo para a câmera.
"O diretor de cinema tem que mentir sempre. Tem que ser um manipulador", reconhece, bem-humorado, em inglês.
Mais adiante, lembra as primeiras imagens de cinema que viu: uma mulher loira corre na areia num filme americano em preto-e-branco. "Tive minha primeira ereção. Tinha cinco anos."
Um dos representantes brasileiros na atual exposição, Nelson Leirner, participa do filme numa performance "zen", dividida pela montagem em três partes. Leirner fita a câmera. Na primeira, afirma: "Arte, agora para mim, é silêncio".
Meia hora depois, a narrativa episódica é interrompida pela imagem de Leirner mudo. O artista reaparece na penúltima cena do filme. "Por favor, você corta agora o filme?", diz. O filme imita uma escapada do projetor e uma tesoura aparece cortando-o. Um plano com a beleza imponente da cidade se segue -e é o fim.
Os depoimentos são dados a uma videocabine projetada pelo arquiteto Frank O. Gehry e, no filme, dada a Bacall pelo irmão vivido por Dennis Hopper.
Além de Babenco e Leirner, o colecionador Gilberto Chateaubriand e o publicitário José Zaragoza gravaram entrevistas, não aproveitadas na montagem final.


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