|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL
Cineasta e artista brasileiro participaram de filme lançado hoje
Babenco e Nelson Leirner passam na tela em Veneza
AMIR LABAKI
enviado especial a Veneza
"The Venice Project" (O Projeto
Veneziano), que tem lançamento
mundial hoje à noite, traz um toque brasileiro ao crepúsculo do
festival deste ano. O cineasta Hector Babenco e o artista plástico
Nelson Leirner têm breves mas
marcantes participações no misto
de documentário e ficção, dirigido por Robert Dornhelm, nos
bastidores da corrente 48ª Bienal
de Arte de Veneza.
Em tom de brincadeira, o futuro
da arte é discutido pelo cruzamento de tramas envolvendo dois
momentos (1699 e 1999) de uma
nobre família veneziana. Babenco
participa do enredo contemporâneo, além de ter dirigido algumas
cenas adicionais. Faz um cineasta
conquistador, Danilo Danuzzi,
convidado para a grande festa durante a Bienal, organizada pela
condessa veneziana Camilla
(Lauren Bacall).
Babenco aparece principalmente depondo para a câmera.
"O diretor de cinema tem que
mentir sempre. Tem que ser um
manipulador", reconhece, bem-humorado, em inglês.
Mais adiante, lembra as primeiras imagens de cinema que viu:
uma mulher loira corre na areia
num filme americano em preto-e-branco. "Tive minha primeira
ereção. Tinha cinco anos."
Um dos representantes brasileiros na atual exposição, Nelson
Leirner, participa do filme numa
performance "zen", dividida pela
montagem em três partes. Leirner
fita a câmera. Na primeira, afirma: "Arte, agora para mim, é silêncio".
Meia hora depois, a narrativa
episódica é interrompida pela
imagem de Leirner mudo. O artista reaparece na penúltima cena
do filme. "Por favor, você corta
agora o filme?", diz. O filme imita
uma escapada do projetor e uma
tesoura aparece cortando-o. Um
plano com a beleza imponente da
cidade se segue -e é o fim.
Os depoimentos são dados a
uma videocabine projetada pelo
arquiteto Frank O. Gehry e, no filme, dada a Bacall pelo irmão vivido por Dennis Hopper.
Além de Babenco e Leirner, o
colecionador Gilberto Chateaubriand e o publicitário José Zaragoza gravaram entrevistas, não
aproveitadas na montagem final.
Texto Anterior: Da Rua - Fernando Banassi: Retrato de capanga Próximo Texto: China e Irã são favoritos hoje Índice
|