São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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TRECHO

"Eu trabalho com o instinto. Já na montagem de "O Barbeiro de Sevilha" eu comecei a ficar conhecida como uma atriz que fica quieta o ensaio todo e manda brasa. (...) Até hoje eu não sou muito falante, às vezes falo qualquer coisa porque as pessoas esperam que eu diga algo. Eu acho até engraçado quando dizem em críticas que eu sou uma atriz cerebral. No livro da Fernanda (Montenegro) tem um depoimento do Sérgio Britto que diz que a Fernanda não é uma atriz técnica e que a Natália Thimberg e eu somos. Eu não sou uma atriz técnica. Hoje eu sou uma atriz instintiva que tem técnica. O Sérgio se enganou. É engraçado porque, na verdade, eu não dizia nada porque nem entendia tudo aquilo que as pessoas falavam, não entendia a teoria. Até hoje eu leio, leio, leio o texto e o sinto dentro e depois exteriorizo. É por isso que eu acho que a base do meu trabalho é puro instinto. Com o tempo, eu depurei uma técnica de corpo, de voz, mas de interpretação é assim. (...) Para mim tem aqueles dois meses de ensaio em que eu vôo às cegas, sem freio, sem rede de proteção. E depois de um mês de temporada é que eu descubro o que estou fazendo, tanto que meus espetáculos mudam muito depois da estréia, eu faço diferente. A essência é a mesma, mas eu continuo com o mesmo espírito de ensaio, de continuar buscando coisas."
Trecho de "Vissi D'Arte", de Marília Pêra e Flavio de Souza.


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