São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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TELEVISÃO
Cantora de hip hop ganha 4 troféus na premiação da MTV; Ricky Martin leva prêmios de clipe pop e dance
Lauryn Hill é grande vencedora do VMA

Reuters
Lauryn Hill durante apresentação no Video Music Awards


GUSTAVO IOSCHPE
especial para a Folha, de Nova York

Na 16ª edição do Video Music Awards da MTV, Lauryn Hill sagrou-se como a grande campeã.
Em cerimônia realizada pela primeira vez no Metropolitan Opera House, na noite de quinta-feira, em Nova York, a cantora de hip hop levou quatro astronautas prateados, sendo consagrada como melhor performance feminina, melhor videoclipe de rhythm & blues (R&B), melhor direção de arte e, finalmente, melhor videoclipe do ano, o prêmio mais importante da noite.
O clipe premiado foi o da música "Doo Wop (That Thing)" do mesmo álbum que a fez despontar para o sucesso de público e crítica no ano passado, "The Miseducation of Lauryn Hill".
Ricky Martin, com seu hit "Livin" la Vida Loca", levou os prêmios de melhor clipe nas categorias dance e pop, além de ter conseguido a proeza de capturar o "viewers choice award" (por votação direta do público) na América Latina e Rússia. Apesar de não ter sido o mais premiado, Ricky confirmou o status de sensação do momento, levantando a multidão ao cantar "Livin'", de pés descalços e requebrando os quadris.
Fatboy Slim, o autodenominado melhor DJ do planeta, foi o vencedor de três estatuetas, nas categorias de direção, coreografia e "breakthrough performance".
Decepcionados devem ter saído os membros da banda Korn. Favoritos, com nove indicações, levaram só dois astronautas -melhor clipe de rock e melhor edição, com "Freak on a Leash".

A festa
No palco, o mestre de cerimônias Chris Rock, rotulado recentemente de o homem mais engraçado dos EUA, levantava o ânimo da platéia, tirando sarro dos brancos impiedosamente.
Ao chamar David Bowie, apresentou-o como "um homem casado com uma mulher negra". De Britney Spears, a sensação teenager, seios recém-siliconados para melhorar a figura de Lolita, Rock lascou que era "tão boa -só não sei por que insistem em lhe dar um microfone".
No campo musical, menção positiva para as apresentações de Ricky Martin e Lauryn Hill. Britney Spears e Backstreet Boys, apesar de suas coreografias milimetricamente ensaiadas, não conseguiram agitar a platéia. Essa tarefa ficou para a performance memorável de Run DMC, Kid Rock e Aerosmith cantando "Walk This Way", um hit antigo da banda.
Mais para o final, outro bom momento aconteceu, quando Madonna foi apresentada e, em seu lugar, entrou uma dúzia de homens vestidos de acordo com as mais diversas fases da "material girl". Depois vieram ao palco a própria Madonna e Paul McCartney, dupla que recebeu aplausos entusiasmados.
O VMA confirmou seu status de playground de celebridades egocêntricas e deslumbradas consigo mesmas. Quanto mais rápida e recente a ascensão ao sucesso, maior a arrogância dos astros.
Puff Daddy, acusado de ter invadido a sala de um executivo do showbiz e o espancado, ficava quase deitado na poltrona, de óculos de sol, com um ar de quem não estava muito aí pra coisa.
Eminem, consagrado pelo clipe "My Name Is (Slim Shady)", quando questionado, na coletiva, como se sentia por receber o prêmio de "best new artist" (revelação), largou um debochado e agressivo "like shit" ("uma merda"). Rene Zellweger, de "Jerry Maguire", mostrou sua figura "sarada" em um vestido transparente. Na coletiva, ria e falava besteira, dando a impressão de estar bêbada ou chapada (ou ambos).
Houve exceções, poucas mas honrosas. Will Smith, astro de "Wild Wild West" e premiado por seu clipe "Miami", cumprimentou todos os fãs na entrada e na saída, respondeu às perguntas da imprensa de maneira educada e sincera, e tratou sua mulher, Jada, com carinho e admiração.
O campeão do bom-mocismo foi, contudo, Ricky Martin. Mantendo a humildade, apesar do sucesso meteórico, confirmou o lançamento de um clipe em novembro, a ser filmado em Porto Rico, em parceria com Madonna.
Em entrevista à Folha, disse de sua recente passagem pelo Brasil: "Maravilhosa. Sempre gosto de passar pelo Brasil. Traz de volta boas memórias de quando eu morava lá". Quanto às vendas não tão explosivas de seu disco no Brasil, Martin disse: "Mas já vendemos dezenas de milhares de cópias. Pra mim, está bom." E saiu, com um sorriso maroto.


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