|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Justiça lacra dez cinemas em Salvador
DA REPORTAGEM LOCAL
Em atendimento a um pedido
do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), dez salas de cinema do grupo UCI estão
impedidas de funcionar desde
quinta, em Salvador (BA). A capital baiana tem 34 cinemas.
O Ecad exigiu na Justiça, através
de liminar obtida em 2000, que os
cinemas não pudessem exibir filmes sem sua prévia autorização e
firmassem o compromisso de pagar 2,5% da renda bruta de bilheteria, a título de direitos autorais
das obras musicais incluídas nos
filmes. O percentual foi estipulado pelo Ecad, entidade privada.
"A lei diz que todos que utilizarem obras musicais devem obter
autorização prévia. A obrigação
de pagar pelo direito de exibição é
do exibidor", diz Cláudia Brandão, gerente jurídica do Ecad.
A UCI recorreu da decisão judicial. "O artigo 81 da lei de direito
de autor diz que a autorização do
músico e do compositor para a
produção de obra cinematográfica implica o consentimento para
sua utilização econômica. Significa que as obras audiovisuais não
precisam de autorização do Ecad
para ser exibidas", afirma Marcos
Bitelli, advogado da UCI.
Decisão do Tribunal de Justiça
da Bahia tomada neste mês validou a liminar favorável ao Ecad e
obrigou a UCI a efetuar os pagamentos, a partir de 9/10. A exibidora requereu pagar em juízo, para continuar argumentando contra a decisão.
Sem acatar o pedido da UCI, a
juíza da 24ª Vara Cível concedeu
um mandado de cumprimento da
liminar, determinando que os
amplificadores das salas fossem
lacrados. Na prática, os filmes podem ser exibidos, mas sem som.
"Obviamente, [a interdição à
exibição normal dos filmes] é
uma medida bastante drástica. O
Ecad só utiliza esse tipo de cobrança judicial quando não consegue cobrar de forma amigável",
diz Brandão. Bitelli entrou com
recurso no Tribunal de Justiça da
Bahia, para derrubar a interdição.
Estavam previstas para ontem
nos cinemas lacrados as estréias
de dois títulos nacionais -"Maria, a Mãe do Filho de Deus" e "O
Martelo de Vulcano"- e dois estrangeiros: "Mamãe, Virei um
Peixe" e "Violação de Conduta".
"[A interdição] Parece ser uma
atitude contra o cinema brasileiro", disse Rodrigo Saturnino, diretor da Columbia, distribuidora
do longa "Maria, a Mãe do Filho
de Deus".
Texto Anterior: Paulo Coelho entra para o "Guinness" Próximo Texto: Panorâmica - Moda: Chanel expõe a elegância francesa Índice
|