ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha

Estréia hoje às 21h30 no Multishow "Como ser Solteiro", o primeiro seriado brasileiro produzido para a TV a cabo. Formatado nos moldes dos seriados semanais norte-americanos tipo "Friends", que tanto agradam ao público seleto da TV por assinatura no Brasil, o programa de Rosane Svartman, dá sequência ao filme de mesmo nome da diretora carioca.
O episódio de hoje, "O Retorno", apresenta os personagens vividos por um elenco que conta com Sílvia Buarque, Nara Gil, Duda Mamberti, entre outros.
Trata-se de um grupo de amigos e vizinhos de prédio, meninos e meninas dourados pela praia carioca. Jovens solteiros, gays ou separados, candidatos a atores, jornalistas ou conquistadores da noite, os personagens ironizam os dramas de uma geração que não casou e que se esforça pelo mais simples romance, que nunca flui.

Engraçadinho
O primeiro episódio, exibido junto com um pequeno "making of" do programa, revela o tom engraçadinho da série. Filmado em 16 mm, com rápidos 22 minutos de duração, o episódio de estréia é divertido. A atmosfera é carioca. Conta um pouco dos bastidores da cidade da televisão, para onde convergem aspirantes a artistas e formadores de opinião de todos os tipos. Lia (Sílvia Buarque) é a bela moça aspirante a atriz, natureba, que se vira com tarô e sanduíches esdrúxulos tipo gorgonzola com maionese. Ela mora com Carla (Íris Bustamante).
Cláudio (Ernesto Piccolo) encarna um jornalista rebaixado de crítico literário a escritor de obituário. Recém-separado, o personagem tem nostalgia do casamento. Ricardo (Heitor Martinez Mello) é o conquistador, solteiro convicto, aspirante a dono de casa noturna, que vem morar com Cláudio.
Luciano (Jorge Palma) é designer. Suas desventuras para esconder que é gay da mãe, em visita à cidade, constituem a motivação principal do primeiro episódio. Kiki (Nara Gil) completa a turma. Maquiadora sintonizada, ela é forte e decidida.
Nas escadas do condomínio ou no interior dos apartamentos, a fofoca e o controle da vida alheia rolam soltos. "Como Ser Solteiro" é mais leve que qualquer novela. Aqui não há um nem dois acidentes fatais logo no primeiro capítulo. Livre da obrigação de ser "quente" que o parentesco com o folhetim impõe à novela diária e distante do tom de tragédia mexicana, o seriado obedece a receita de humor morno que rege a TV americana.

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