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Crítica/cinema/"Amor em Tempos de Guerra"
Filme aborda relacionamento homossexual sem militância
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sarah ama Jean que ama
Philippe. Triângulos
amorosos não são novidade na história do cinema, especialmente na França de
François Truffaut, com seu magistral "Jules et Jim".
A nova produção francesa do
diretor Christian Fauré, "Amor
em Tempos de Guerra" ("Un
Amour à Taire"), entretanto,
encena a história de amor em
meio à Paris da Segunda Guerra, um dos momentos mais difíceis para assumir individualidades, centrando o foco na relação entre Jean e Philippe.
O regime nazista que ocupou
a França espalhava o medo em
toda a cidade, não só dividindo-a entre os que apoiavam o sistema de Hitler e os que resistiam
a ele mas permitindo que, entre
esses pólos, várias outras atitudes fossem possíveis. Apoiar os
nazistas podia, às vezes, ser só
um ato de vingança pessoal. É o
que mostra "Amor em Tempos
de Guerra", exibido apenas hoje no Festival Mix Brasil.
Sarah (Louise Monot) é uma
jovem judia que perde toda a família, exterminada pelos alemães. Seu único contato é Jean
(Jérémie Renier, o Bruno de "A
Criança", dos irmãos Dardenne), uma paixão adolescente,
que possui uma lavanderia e vive com seu namorado Philippe
(Bruno Todeschini), que, por
sua vez, participa da resistência
francesa.
O casal acolhe Sarah, que admite, não sem certa inveja, a relação dos rapazes, escondida da
sociedade. Ela passa a trabalhar
na lavanderia da família de
Jean, até que Jacques (Nicolas
Gob), o irmão caçula dele, após
sair da prisão, passa a cortejá-la. Jacques apaixona-se por Sarah, que não corresponde, pois
continua interessada em Jean.
Por isso, Jacques denuncia o
irmão a policiais franceses colaboracionistas do nazismo,
que o prendem. Seu intento era
apenas assustar Jean, mas, ao
ser preso, ele é identificado como amante de um oficial, e aí a
história torna-se mais sombria.
A trama se complica quando
Jacques descobre a relação de
seu irmão com Philippe e tenta
arruinar o triângulo.
"Amor em Tempos de Guerra", produção para a televisão
francesa, insere-se numa vertente segundo a qual a homossexualidade não é abordada de
um ponto de vista militante. É
apenas outra forma de abordar
relacionamentos, assim como
acontece na "Brokeback
Mountain" de Ang Lee, o que o
torna, afinal, mais realista e comovente.
AMOR EM TEMPOS DE GUERRA
Direção: Christian Fauré
Produção: França, 2005
Com: Jérémie Renier, Louise Monot e Bruno Todeschini
Quando: hoje, 18h, Espaço Unibanco de Cinema
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