São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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Crítica/cinema/"Amor em Tempos de Guerra"

Filme aborda relacionamento homossexual sem militância

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sarah ama Jean que ama Philippe. Triângulos amorosos não são novidade na história do cinema, especialmente na França de François Truffaut, com seu magistral "Jules et Jim".
A nova produção francesa do diretor Christian Fauré, "Amor em Tempos de Guerra" ("Un Amour à Taire"), entretanto, encena a história de amor em meio à Paris da Segunda Guerra, um dos momentos mais difíceis para assumir individualidades, centrando o foco na relação entre Jean e Philippe.
O regime nazista que ocupou a França espalhava o medo em toda a cidade, não só dividindo-a entre os que apoiavam o sistema de Hitler e os que resistiam a ele mas permitindo que, entre esses pólos, várias outras atitudes fossem possíveis. Apoiar os nazistas podia, às vezes, ser só um ato de vingança pessoal. É o que mostra "Amor em Tempos de Guerra", exibido apenas hoje no Festival Mix Brasil.
Sarah (Louise Monot) é uma jovem judia que perde toda a família, exterminada pelos alemães. Seu único contato é Jean (Jérémie Renier, o Bruno de "A Criança", dos irmãos Dardenne), uma paixão adolescente, que possui uma lavanderia e vive com seu namorado Philippe (Bruno Todeschini), que, por sua vez, participa da resistência francesa.
O casal acolhe Sarah, que admite, não sem certa inveja, a relação dos rapazes, escondida da sociedade. Ela passa a trabalhar na lavanderia da família de Jean, até que Jacques (Nicolas Gob), o irmão caçula dele, após sair da prisão, passa a cortejá-la. Jacques apaixona-se por Sarah, que não corresponde, pois continua interessada em Jean.
Por isso, Jacques denuncia o irmão a policiais franceses colaboracionistas do nazismo, que o prendem. Seu intento era apenas assustar Jean, mas, ao ser preso, ele é identificado como amante de um oficial, e aí a história torna-se mais sombria.
A trama se complica quando Jacques descobre a relação de seu irmão com Philippe e tenta arruinar o triângulo.
"Amor em Tempos de Guerra", produção para a televisão francesa, insere-se numa vertente segundo a qual a homossexualidade não é abordada de um ponto de vista militante. É apenas outra forma de abordar relacionamentos, assim como acontece na "Brokeback Mountain" de Ang Lee, o que o torna, afinal, mais realista e comovente.


AMOR EM TEMPOS DE GUERRA    
Direção: Christian Fauré
Produção: França, 2005
Com: Jérémie Renier, Louise Monot e Bruno Todeschini
Quando: hoje, 18h, Espaço Unibanco de Cinema


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