São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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Exposição investe na memória e na identidade

"Primeira Pessoa", no Itaú, mistura teatro, dança e arte para tratar da subjetividade

Exposição tem curadoria de Agnaldo Farias e Christine Greiner; trabalhos remetem ao cotidiano e a lembranças dos artistas convidados


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O que guarda a história pessoal, a intimidade recolhida, a memória? Aventurando-se nos campos biográfico e, por que não, psicanalítico, o Itaú Cultural abre hoje para o público a mostra "Primeira Pessoa", em três andares do instituto.
Com curadoria conjunta de Agnaldo Farias e Christine Lopes, a mostra propõe que artistas, músicos e grupos de dança e teatro apresentem trabalhos auto-referenciais: confissões, retratos, afetos. Uma instalação de Emil Forman (1954-1983) agrupa mais de 1.200 fotos da mãe do artista -montada originalmente no MAM-RJ em 1975, a instalação foi refeita e "recepciona" o visitante. Já o pernambucano Gil Vicente expõe sete obras em nanquim, com a bela "Homenagem a Osman Lins" entre elas.
"Osman [escritor, 1924-1978] costumava freqüentar a casa do meu pai, em Recife, durante minha infância. Fiz este trabalho [cena de um afogamento] baseado num belíssimo conto dele", relembra o artista. Memórias, pois bem, todos temos. Mas, qual é, afinal, o real interesse em se debruçar sobre a intimidade alheia?
"Qualquer narrativa pessoal, à maneira do que acontece quando se está diante de um espelho, ativa nosso interesse", escreve Farias em texto sobre a exposição.
"Aquele que fala de si convoca nossa atenção, indica-nos a simetria e a decorrente cumplicidade entre quem narra e aquele que testemunha a narração." Mergulhar nas reflexões biográficas de Dora Longo Bahia, Daniel Acosta, Albano Afonso e outros poderia, portanto, proporcionar um mergulho em nossos próprios meandros. O que, por si, aliás, não basta para definir a boa arte.

Teatro permanente
A parte teatral da mostra não se compõe de uma programação de espetáculos e apresentações. Convidados pela curadoria, os grupos Lume e Teatro da Vertigem criaram instalações permanentes.
Na sala "Subtextos, 2006", por exemplo, elementos de diferentes espetáculos do Vertigem aparecem dependurados no teto. Para entrar na sala, o visitante precisa calçar galochas ali oferecidas, já que o piso tem água subindo ao nível das canelas -referência ao Tietê da peça "BR3".
Uma instalação sonora de Hermeto Paschoal, uma série de performances em videodança e uma mostra audiovisual complementam a mostra, que ainda disponibiliza um espaço para que o espectador grave seus próprios depoimentos.
Diante de cardápio tão eclético, corre-se o risco de mais uma daquelas mostras que funcionam como um disperso parque de diversões no claustrofóbico espaço do Itaú Cultural.


PRIMEIRA PESSOA
Quando:
de ter. a sex., das 10h às 21h; sáb. e dom., das 10h às 19h; até 28/1
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: entrada franca


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