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Exposição investe na memória e na identidade
"Primeira Pessoa", no Itaú, mistura teatro, dança e arte para tratar da subjetividade
Exposição tem curadoria de Agnaldo Farias e Christine Greiner; trabalhos remetem ao cotidiano e a lembranças dos artistas convidados
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O que guarda a história pessoal, a intimidade recolhida, a
memória? Aventurando-se nos
campos biográfico e, por que
não, psicanalítico, o Itaú Cultural abre hoje para o público a
mostra "Primeira Pessoa", em
três andares do instituto.
Com curadoria conjunta de
Agnaldo Farias e Christine Lopes, a mostra propõe que artistas, músicos e grupos de dança
e teatro apresentem trabalhos
auto-referenciais: confissões,
retratos, afetos. Uma instalação de Emil Forman (1954-1983) agrupa mais de 1.200 fotos da mãe do artista -montada originalmente no MAM-RJ
em 1975, a instalação foi refeita
e "recepciona" o visitante. Já o
pernambucano Gil Vicente expõe sete obras em nanquim,
com a bela "Homenagem a Osman Lins" entre elas.
"Osman [escritor, 1924-1978] costumava freqüentar a
casa do meu pai, em Recife, durante minha infância. Fiz este
trabalho [cena de um afogamento] baseado num belíssimo
conto dele", relembra o artista.
Memórias, pois bem, todos
temos. Mas, qual é, afinal, o real
interesse em se debruçar sobre
a intimidade alheia?
"Qualquer narrativa pessoal,
à maneira do que acontece
quando se está diante de um espelho, ativa nosso interesse",
escreve Farias em texto sobre a
exposição.
"Aquele que fala de si convoca nossa atenção, indica-nos a
simetria e a decorrente cumplicidade entre quem narra e
aquele que testemunha a narração."
Mergulhar nas reflexões biográficas de Dora Longo Bahia,
Daniel Acosta, Albano Afonso e
outros poderia, portanto, proporcionar um mergulho em
nossos próprios meandros. O
que, por si, aliás, não basta para
definir a boa arte.
Teatro permanente
A parte teatral da mostra não
se compõe de uma programação de espetáculos e apresentações. Convidados pela curadoria, os grupos Lume e Teatro da
Vertigem criaram instalações
permanentes.
Na sala "Subtextos, 2006",
por exemplo, elementos de diferentes espetáculos do Vertigem aparecem dependurados
no teto. Para entrar na sala, o
visitante precisa calçar galochas ali oferecidas, já que o piso
tem água subindo ao nível das
canelas -referência ao Tietê da
peça "BR3".
Uma instalação sonora de
Hermeto Paschoal, uma série
de performances em videodança e uma mostra audiovisual
complementam a mostra, que
ainda disponibiliza um espaço
para que o espectador grave
seus próprios depoimentos.
Diante de cardápio tão eclético,
corre-se o risco de mais uma
daquelas mostras que funcionam como um disperso parque
de diversões no claustrofóbico
espaço do Itaú Cultural.
PRIMEIRA PESSOA
Quando: de ter. a sex., das 10h às 21h;
sáb. e dom., das 10h às 19h; até 28/1
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149,
tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: entrada franca
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