São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BIA ABRAMO

"Sistema" tem boas piadas e horário ruim


Apostas mais criativas da programação da Globo ficam escondidas nas noites de sexta

NÃO DÁ para entender por que as apostas mais criativas e diferenciadas da programação da Rede Globo ficam escondidas no incômodo horário das 23h da sexta-feira. Justamente por essas características menos convencionais, teriam potencial para atrair públicos mais refratários à programação normal da TV.
No entanto, ficam sempre relegados à sexta-feira, dia de sair ou de assistir a filmes locados. Essa intuição de que sexta-feira não é dia de TV, para esse público mais afeito a novidades, parece reger, por exemplo, a lógica dos canais de TV paga que exibem séries: os dias dos seriados mais quentes são no meio da semana.
Assim, as séries e programas desses acabam por enfrentar um desafio a mais, que é o de emplacar num horário já de antemão esvaziado. "O Sistema", sitcom escrito por Alexandre Machado e Fernanda Young e dirigido por José Lavigne, nem bem havia estreado, na sexta-feira da semana passada, e os sites com "notícias" de TV já decretavam sua audiência abaixo da expectativa e atribuíam a rejeição do público ao fato de o programa ser muito "moderno".
Embora não dê para confiar na qualidade de reportagem, nem na argúcia de análise da maioria desses sites, a leitura é sintomática.
Sugere, por exemplo, que qualquer ousadia de formato será culpada por baixa audiência e, mais, indica que a TV ainda pensa seu público de forma muito homogênea. "O Sistema" não é exatamente "muito moderno", mas é uma paródia amalucada, de humor debochado e bizarro.
O ponto de partida é excelente: um sujeito comum, o fonoaudiólogo Matias (Selton Mello) compra uma briga com o "sistema" -com o duplo sentido de "o establishment" e dos sistemas de informação.
Ele destrata a atendente de telemarketing Regina (Graziella Moretto) e tem sua existência apagada e junta-se a um grupo de ativistas paranóicos. As referências a filmes de ficção científica distópica como "Brazil, o Filme" e "Matrix" e a trama de espionagem entram no liqüidificador de uma esculhambação generalizada, em que se misturam teorias da conspiração, lenda urbanas e muitas piadas boas.
De quebra, a série traz Maria Alice Vergueiro de volta à TV, depois de ter se tornado uma celebridade do YouTube com o enorme sucesso de "Tapa na Pantera" ano passado - e só por isso valeria a curiosidade.

biabramo.tv@uol.com.br


Texto Anterior: TV paga: Vencedora do Oscar estrela série no GNT
Próximo Texto: Documentário: Série foca personagens paulistanos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.