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MÚSICA
Érika Machado chega mais triste em novo CD
Cantora mineira reflete perdas no terceiro álbum, "Bem Me Quer Mal Me Quer"
Disco firma parceria com o produtor John Ulhoa, integrante do Pato Fu, com quem já havia trabalhado em "No Cimento", de 2006
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando, em 2006, a mineira
Érika Machado lançou "No Cimento", seu primeiro CD "oficial", ganhou imediatamente a
reputação de "cantora fofa".
Tudo contribuía para isso: a voz
doce, a imagem de menina delicada, as canções alegres, as letras cheias de imagens infantis,
a produção musical de John
Ulhoa, do Pato Fu.
"Bem Me Quer Mal Me
Quer" chega para, ao menos em
parte, reverter essa impressão.
A mesma aparente fofura está
presente. A produção de John,
também. Mas encobrem tormentas que antes não existiam.
"Entre um disco e outro, terminei um namoro longo, meu
avô morreu", diz a cantora de
32 anos. "Meu caderno de música funciona como um diário.
As tristezas apareceram."
A falta que o avô lhe faz está
anotada em "Sei Lá". O término
-não só o do namoro- aparece
em "Tanto Faz", que alinhava
imagens inconscientes como
"Eu só não corto os pulsos/
Porque senão/ Tanto faz" e "Se
a ruas se cortarem nas transversais (...)/ Eu pego um atalho/ Eu corto o quarteirão".
Dá para perceber, a abordagem, tanto poética quanto musical, nasce de aspectos visuais.
Muito disso porque Érika é formada em artes plásticas e ainda
atua na área. São dela e de Cecília Silveira toda a arte do álbum,
as fotos e os desenhos, além de
algumas composições.
Clube da Esquina
Érika virou cantora por causa
das artes. Antes de "No Cimento", havia gravado, dentro do
quarto, o inaugural "O Baratinho" (2003). O disco era parte
de um projeto de intervenção
urbana e contabiliza 750 cópias
vendidas -boa parte em barraquinhas de camelôs no Centro
de Belo Horizonte.
A cidade continua presente
em "Bem Me Quer...". Ainda
que a linguagem do álbum seja
predominantemente pop -seguindo a escola recente do Pato
Fu -, há lampejos da tradição
do Clube da Esquina em algumas faixas. A melodia de "Dependente", por exemplo, tem
Lô Borges no código genético.
"Eu ouvi bastante o [álbum]
"Clube da Esquina 2" na adolescência, mas nem me sinto assim tão influenciada por ele",
relativiza. "Pode ser que exista
alguma relação, mesmo que inconsciente. Lô é o cara mais
pop dessa turma."
BEM ME QUER MAL ME QUER
Artista: Érika Machado
Gravadora: independente
Quanto: R$ 10
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