São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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MÚSICA

Érika Machado chega mais triste em novo CD

Cantora mineira reflete perdas no terceiro álbum, "Bem Me Quer Mal Me Quer"

Disco firma parceria com o produtor John Ulhoa, integrante do Pato Fu, com quem já havia trabalhado em "No Cimento", de 2006


MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando, em 2006, a mineira Érika Machado lançou "No Cimento", seu primeiro CD "oficial", ganhou imediatamente a reputação de "cantora fofa". Tudo contribuía para isso: a voz doce, a imagem de menina delicada, as canções alegres, as letras cheias de imagens infantis, a produção musical de John Ulhoa, do Pato Fu.
"Bem Me Quer Mal Me Quer" chega para, ao menos em parte, reverter essa impressão. A mesma aparente fofura está presente. A produção de John, também. Mas encobrem tormentas que antes não existiam. "Entre um disco e outro, terminei um namoro longo, meu avô morreu", diz a cantora de 32 anos. "Meu caderno de música funciona como um diário.
As tristezas apareceram." A falta que o avô lhe faz está anotada em "Sei Lá". O término -não só o do namoro- aparece em "Tanto Faz", que alinhava imagens inconscientes como "Eu só não corto os pulsos/ Porque senão/ Tanto faz" e "Se a ruas se cortarem nas transversais (...)/ Eu pego um atalho/ Eu corto o quarteirão".
Dá para perceber, a abordagem, tanto poética quanto musical, nasce de aspectos visuais. Muito disso porque Érika é formada em artes plásticas e ainda atua na área. São dela e de Cecília Silveira toda a arte do álbum, as fotos e os desenhos, além de algumas composições.

Clube da Esquina
Érika virou cantora por causa das artes. Antes de "No Cimento", havia gravado, dentro do quarto, o inaugural "O Baratinho" (2003). O disco era parte de um projeto de intervenção urbana e contabiliza 750 cópias vendidas -boa parte em barraquinhas de camelôs no Centro de Belo Horizonte.
A cidade continua presente em "Bem Me Quer...". Ainda que a linguagem do álbum seja predominantemente pop -seguindo a escola recente do Pato Fu -, há lampejos da tradição do Clube da Esquina em algumas faixas. A melodia de "Dependente", por exemplo, tem Lô Borges no código genético.
"Eu ouvi bastante o [álbum] "Clube da Esquina 2" na adolescência, mas nem me sinto assim tão influenciada por ele", relativiza. "Pode ser que exista alguma relação, mesmo que inconsciente. Lô é o cara mais pop dessa turma."


BEM ME QUER MAL ME QUER

Artista: Érika Machado
Gravadora: independente
Quanto: R$ 10




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