São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Antipop Consortium volta agressivo

Quarteto de rap nova-iorquino, separado há seis anos, retorna com lançamento de "Fluorescent Black"

BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre os melhores lançamentos de rap do ano, "Fluorescent Black" marca o retorno do Antipop Consortium após seis anos de separação do quarteto nova-iorquino. O grupo surgiu no começo da década, quando o álbum de estreia, "Tragic Epilogue" (2000), misturou as batidas e rimas do gênero a elementos da música eletrônica -mais especificamente, à IDM, ou "inteligent dance music". Sugeriu assim caminhos menos convencionais para o rap, que vão além das batidas monótonas, das letras sobre mulheres e dinheiro ou do discurso engajado que pautam tanto o gênero.
Em 2003, o quarteto chegou a gravar um disco com o pianista Matthew Shipp, promovendo um embate entre rimas e acordes jazzísticos. "Rap psicodélico é uma boa descrição para quem não conhece o som do grupo", diz High Priest, por e-mail, à Folha. Ao lado de Beans e de M. Sayyid, Priest é um dos três MCs do "consórcio", que conta com o produtor Earl Blaize.
Mesmo pouco convencional, o grupo abriu shows para nomes mais conhecidos do rap, como DJ Shadow e Public Enemy, e até para o Radiohead. Depois da separação do quarteto, Priest se juntou a Sayyid no projeto Airborn Audio e esteve envolvido com sua carreira solo, com a qual se apresentou no Brasil no ano retrasado. Beans também fez show por aqui em 2004.
"Estar separado ajudou a gente a se tornar mais maduro e seguro como artistas e produtores. A diferença entre este e o último álbum é que nós o fizemos mais como uma banda. Tivemos uma visão clara do queríamos atingir sonoramente." Com a inventiva produção de Blaize, o agressivo "Fluorescent Black" traz vozes que soam como as de robôs, bases tiradas de sintetizadores e repetições que parecem testar os limites dos ouvintes, como na ótima "Capricorn One".
O disco tem participação de Roots Manuva, um dos principais nomes do rap inglês, em "NY to Tokyo" unindo-se ao coro dos três MCs que se revezam entre as rimas e malabarismos linguísticos. "Nós não sabemos ser de nenhum outro jeito", diz Priest sobre as invencionices.


FLUORESCENT BLACK

Artista: Antipop Consortium
Gravadora: Big Dada
Quanto: US$ 13.98 (R$ 24; na Amazon, mais taxas)




Texto Anterior: Música: Érika Machado chega mais triste em novo CD
Próximo Texto: CDs
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.