São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
"O Ser da Tempestade" traz 28 canções do músico, desconhecidas em sua voz e famosas nas de outros
Mautner celebra 40 anos de "kaos"

RODRIGO DIONISIO
da Redação

Na próxima semana, de quarta a domingo, o músico Jorge Mautner lança em São Paulo, na sala Guiomar Novaes (al. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos, tel. 0/xx/ 11/ 3662-5177), o CD duplo "O Ser da Tempestade - Jorge Mautner, 40 Anos de Carreira".
O disco traz 28 composições de Mautner, sendo 17 interpretadas pelo próprio e outras 11 nas vozes de músicos como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Lulu Santos (leia a relação das músicas dos CDs nesta página).
Esse balanço de carreira, segundo o próprio compositor, não seguiu uma ordem definida ou um conceito. "Eu produzi tudo sob o signo do "kaos", com k", afirma Mautner. Por outro lado, ele lamenta a impossibilidade de incluir nesse trabalho composições como "Locomotiva", na voz de Wanderléa.
"A gravação original dessa composição foi perdida. Outras canções que eu também pretendia incluir acabaram não entrando por problemas de negociação com gravadoras, que teriam de ceder as músicas para o disco. Uma pena", diz.
Mautner vê, como uma possível ligação entre todas as canções do disco, a representatividade histórica das músicas em sua discografia. ""Não, Não, Não", por exemplo, fazia parte do primeiro compacto simples que eu lancei, que tinha no lado b a composição "Radioatividade", e que foi apreendido. Quase ninguém tem isso em casa", afirma o músico.
Mas, no conjunto, o CD dedicado às interpretações de Mautner das suas canções apresenta composições que, de qualquer maneira, pouca gente conhece. "A maior parte das minhas músicas é desconhecida do grande público. Até hoje, muito do que fiz é vanguarda, agrada a poucos. Talvez seja tanta mensagem junta que acabe virando nada", diz.
Por outro lado, o segundo CD, que traz as interpretações de cantores variados para as músicas de Mautner, empilha sucessos. Qual a diferença? "Talvez o timbre da minha voz seja irritante. Quando outras pessoas interpretam minhas letras, tudo soa melhor. Eu nunca fui um intérprete de muitos compradores, mas na voz de outras pessoas eu sou sucesso. Até as crianças gostam, como no caso da "Lenda do Pégaso", interpretada por Moraes Moreira", diverte-se Mautner.
"Mas a minha marca está lá, no segundo CD. A variação de intérpretes, de interpretações, reafirma a idéia de "kaos", com k. É um leque bem caótico, bem diverso do trabalho que produzi durante anos. Queira ou não, está lá o jazz anárquico dos arranjos, mesmo que a grosso modo. É uma poesia concreta do absurdo. Tem algo que angustia, que desequilibra", afirma o músico.
Resumindo tudo isso, Mautner declara: "Nós temos vários cérebros que fingem ser um só, e talvez eu seja um heavy metal oculto. A diferença é que, dos que estavam comigo, todos foram absorvidos, menos eu". É o caos, quer dizer, "kaos", com k.


Texto Anterior: Brasil em Londres: Amazônia invade Museu Britânico
Próximo Texto: Sons que irritam com nonsense
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.