|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
"O Ser da Tempestade" traz 28 canções do músico, desconhecidas em sua voz e famosas nas de outros
Mautner celebra 40 anos de "kaos"
RODRIGO DIONISIO
da Redação
Na próxima semana, de quarta
a domingo, o músico Jorge Mautner lança em São Paulo, na sala
Guiomar Novaes (al. Nothmann,
1.058, Campos Elíseos, tel. 0/xx/
11/ 3662-5177), o CD duplo "O Ser
da Tempestade - Jorge Mautner,
40 Anos de Carreira".
O disco traz 28 composições de
Mautner, sendo 17 interpretadas
pelo próprio e outras 11 nas vozes
de músicos como Gilberto Gil,
Caetano Veloso e Lulu Santos
(leia a relação das músicas dos
CDs nesta página).
Esse balanço de carreira, segundo o próprio compositor, não seguiu uma ordem definida ou um
conceito. "Eu produzi tudo sob o
signo do "kaos", com k", afirma
Mautner. Por outro lado, ele lamenta a impossibilidade de incluir nesse trabalho composições
como "Locomotiva", na voz de
Wanderléa.
"A gravação original dessa
composição foi perdida. Outras
canções que eu também pretendia incluir acabaram não entrando por problemas de negociação
com gravadoras, que teriam de
ceder as músicas para o disco.
Uma pena", diz.
Mautner vê, como uma possível
ligação entre todas as canções do
disco, a representatividade histórica das músicas em sua discografia. ""Não, Não, Não", por exemplo, fazia parte do primeiro compacto simples que eu lancei, que
tinha no lado b a composição "Radioatividade", e que foi apreendido. Quase ninguém tem isso em
casa", afirma o músico.
Mas, no conjunto, o CD dedicado às interpretações de Mautner
das suas canções apresenta composições que, de qualquer maneira, pouca gente conhece. "A
maior parte das minhas músicas é
desconhecida do grande público.
Até hoje, muito do que fiz é vanguarda, agrada a poucos. Talvez
seja tanta mensagem junta que
acabe virando nada", diz.
Por outro lado, o segundo CD,
que traz as interpretações de cantores variados para as músicas de
Mautner, empilha sucessos. Qual
a diferença? "Talvez o timbre da
minha voz seja irritante. Quando
outras pessoas interpretam minhas letras, tudo soa melhor. Eu
nunca fui um intérprete de muitos compradores, mas na voz de
outras pessoas eu sou sucesso.
Até as crianças gostam, como no
caso da "Lenda do Pégaso", interpretada por Moraes Moreira", diverte-se Mautner.
"Mas a minha marca está lá, no
segundo CD. A variação de intérpretes, de interpretações, reafirma a idéia de "kaos", com k. É um
leque bem caótico, bem diverso
do trabalho que produzi durante
anos. Queira ou não, está lá o jazz
anárquico dos arranjos, mesmo
que a grosso modo. É uma poesia
concreta do absurdo. Tem algo
que angustia, que desequilibra",
afirma o músico.
Resumindo tudo isso, Mautner
declara: "Nós temos vários cérebros que fingem ser um só, e talvez eu seja um heavy metal oculto. A diferença é que, dos que estavam comigo, todos foram absorvidos, menos eu". É o caos,
quer dizer, "kaos", com k.
Texto Anterior: Brasil em Londres: Amazônia invade Museu Britânico Próximo Texto: Sons que irritam com nonsense Índice
|