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BRASIL EM LONDRES
Amazônia invade Museu Britânico
FRANCISCO MARTINS DA COSTA
enviado especial a Londres
Em 18 de outubro de 2001, 501
anos depois de os portugueses terem descoberto o Brasil, os ingleses vão descobrir a Amazônia.
Nessa data será aberta a primeira
exposição brasileira a ocupar os
salões do Museu Britânico, o British Museum.
Anteontem, Edemar Cid Ferreira, presidente da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, ligada
à Fundação Bienal de São Paulo,
reuniu-se com a direção do museu para receber dos ingleses o
compromisso e a confirmação da
realização da exposição.
A mostra "Amazon Unknown"
(Amazônia Desconhecida) vai expor centenas de peças produzidas
pelos primeiros povos do norte
brasileiro. São cerâmicas, urnas
mortuárias, esculturas, peças rituais e utensílios com até 20 mil
anos de idade.
A exposição, que terá curadoria
de Colin McEwan (do departamento de antropologia do Museu
Britânico), juntamente com os
brasileiros Eduardo Neves e Cristiana Barreto (do Museu de Antropologia e Etnologia da USP),
vai mostrar que existiu uma civilização brasileira pré-cabralina, anterior ao Descobrimento.
"Existe um desprezo e um preconceito pelo que se descobriu na
Amazônia. Na América Latina, só
se valoriza o que vem das civilizações das terras altas. Vamos mostrar o modo de vida alternativo e
o conhecimento dos povos tapajônicos e da cultura marajoara.
Há uma riqueza e uma complexidade espantosas na arte arqueológica da Amazônia", afirma Nelson Aguilar, curador-chefe da
"Mostra do Redescobrimento".
Mundo afora
Esse projeto engloba, além da
exposição na Inglaterra, um megaevento que acontece no parque
Ibirapuera a partir de abril do ano
que vem e, em 2001, também em
museus da França (Louvre, Jeu de
Pomme, Museu de Arte Contemporânea de Bordeaux), Estados
Unidos (Guggenheim de Nova
York), Espanha (Guggenheim de
Bilbao) e Portugal (Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e
na Alfândega, no Porto).
Ainda na Inglaterra, a "Mostra
do Redescobrimento" inclui exposições em Cambridge (onde o
Fitz William Museum vai exibir
peças de arte popular brasileira) e
Oxford (onde o Ashmolean Museum exporá peças do barroco
brasileiro, o Pitts Rivers Museum
exibirá fotografias etnológicas do
Brasil e o Museu de Arte Moderna
promoverá uma mostra sobre o
concretismo e o neo-concretismo
brasileiros).
No Museu Britânico, "Amazon
Unknown" vai inaugurar a galeria
Joseph Hotung, um espaço destinado a exposições temporárias
que está sendo construído numa
área que pertencia à biblioteca do
museu.
Paralelamente à mostra do Museu Britânico, vários eventos estão sendo organizados para
"inundar" Londres com a arte, a
música, a gastronomia e a dança
da Amazônia. Esses eventos terão
curadoria de Emílio Kalil.
A exposição do Museu Britânico está orçada em 750 mil libras (o
equivalente a cerca de R$ 2,2 milhões). As despesas serão fundeadas pela Associação Brasil 500
Anos Artes Visuais. Os nomes das
empresas patrocinadoras só serão
divulgados em fevereiro.
Parte dessa exposição poderá
ser vista no pavilhão Lucas Nogueira Garcez, no parque Ibirapuera, onde será instalada a exposição de arte pré-cabralina da
"Mostra do Redescobrimento".
Em fevereiro, o curador Colin
McEwan vem ao Brasil para finalizar a escolha das peças e verificar
quais peças poderão ser levadas
para a Inglaterra sem risco de serem danificadas.
O jornalista Francisco Martins da Costa
viaja a convite da Associação Brasil 500 Anos
Artes Visuais
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