São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BRASIL EM LONDRES
Amazônia invade Museu Britânico

FRANCISCO MARTINS DA COSTA
enviado especial a Londres


Em 18 de outubro de 2001, 501 anos depois de os portugueses terem descoberto o Brasil, os ingleses vão descobrir a Amazônia. Nessa data será aberta a primeira exposição brasileira a ocupar os salões do Museu Britânico, o British Museum.
Anteontem, Edemar Cid Ferreira, presidente da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, ligada à Fundação Bienal de São Paulo, reuniu-se com a direção do museu para receber dos ingleses o compromisso e a confirmação da realização da exposição.
A mostra "Amazon Unknown" (Amazônia Desconhecida) vai expor centenas de peças produzidas pelos primeiros povos do norte brasileiro. São cerâmicas, urnas mortuárias, esculturas, peças rituais e utensílios com até 20 mil anos de idade.
A exposição, que terá curadoria de Colin McEwan (do departamento de antropologia do Museu Britânico), juntamente com os brasileiros Eduardo Neves e Cristiana Barreto (do Museu de Antropologia e Etnologia da USP), vai mostrar que existiu uma civilização brasileira pré-cabralina, anterior ao Descobrimento.
"Existe um desprezo e um preconceito pelo que se descobriu na Amazônia. Na América Latina, só se valoriza o que vem das civilizações das terras altas. Vamos mostrar o modo de vida alternativo e o conhecimento dos povos tapajônicos e da cultura marajoara. Há uma riqueza e uma complexidade espantosas na arte arqueológica da Amazônia", afirma Nelson Aguilar, curador-chefe da "Mostra do Redescobrimento".

Mundo afora
Esse projeto engloba, além da exposição na Inglaterra, um megaevento que acontece no parque Ibirapuera a partir de abril do ano que vem e, em 2001, também em museus da França (Louvre, Jeu de Pomme, Museu de Arte Contemporânea de Bordeaux), Estados Unidos (Guggenheim de Nova York), Espanha (Guggenheim de Bilbao) e Portugal (Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e na Alfândega, no Porto).
Ainda na Inglaterra, a "Mostra do Redescobrimento" inclui exposições em Cambridge (onde o Fitz William Museum vai exibir peças de arte popular brasileira) e Oxford (onde o Ashmolean Museum exporá peças do barroco brasileiro, o Pitts Rivers Museum exibirá fotografias etnológicas do Brasil e o Museu de Arte Moderna promoverá uma mostra sobre o concretismo e o neo-concretismo brasileiros).
No Museu Britânico, "Amazon Unknown" vai inaugurar a galeria Joseph Hotung, um espaço destinado a exposições temporárias que está sendo construído numa área que pertencia à biblioteca do museu.
Paralelamente à mostra do Museu Britânico, vários eventos estão sendo organizados para "inundar" Londres com a arte, a música, a gastronomia e a dança da Amazônia. Esses eventos terão curadoria de Emílio Kalil.
A exposição do Museu Britânico está orçada em 750 mil libras (o equivalente a cerca de R$ 2,2 milhões). As despesas serão fundeadas pela Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais. Os nomes das empresas patrocinadoras só serão divulgados em fevereiro.
Parte dessa exposição poderá ser vista no pavilhão Lucas Nogueira Garcez, no parque Ibirapuera, onde será instalada a exposição de arte pré-cabralina da "Mostra do Redescobrimento".
Em fevereiro, o curador Colin McEwan vem ao Brasil para finalizar a escolha das peças e verificar quais peças poderão ser levadas para a Inglaterra sem risco de serem danificadas.


O jornalista Francisco Martins da Costa viaja a convite da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais


Texto Anterior: Artista cria presente de Natal
Próximo Texto: Música: Mautner celebra 40 anos de "kaos"
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.