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São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Livro e versões em 23 cm de grandes obras do escultor propõem exposição comparativa do seu trabalho

Miniaturas elucidam Amilcar de Castro

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Imagine colocar lado a lado as grandes esculturas em ferro de Amilcar de Castro (1920-2002) que estejam originalmente em espaços públicos de cidades como Belo Horizonte, Berlim, Tóquio, Caracas, São Paulo, Essex, Paraisópolis e Rio de Janeiro. O que é bastante difícil para obras de 2 m ou 8 m de altura acabou ganhando um pouco de simplicidade em projetos de 23 cm, que são mostrados em "Amilcar de Castro Corte e Dobra", na galeria Marília Razuk, em São Paulo, a primeira exposição póstuma do artista.
A exposição tem 140 peças, executadas em metal SAC 41, com tiragem de três exemplares de cada forma, e é acompanhada pelo lançamento de um livro homônimo pela Cosac & Naify, com texto do crítico de arte Tadeu Chiarelli.
As formas produzidas pelo escultor mineiro são desembaralhadas sobre um único plano, o que expõe com mais evidência o corte e a dobra que caracterizam o trabalho de Amilcar. "É uma possibilidade para que o espectador reconheça as formas recorrentes no trabalho dele", diz o pintor Rodrigo de Castro, 50, filho de Amilcar. "É uma oportunidade única e histórica de ver esses trabalhos lado a lado. Nem meu pai os viu assim."
A galerista Marília Razuk conta que o projeto teve início antes da morte de Amilcar, quando realizavam a exposição "Amilcar de Castro e Cinco Artistas Mineiros", em junho de 2002.
"Pedi ao Amilcar que fizesse esses projetos em 23 cm, para a realização de uma exposição que tivesse todas as suas obras. Antes, não tinha pensado no livro, mas depois de sua morte achei importante que esse trabalho ganhasse um registro", explica Razuk.
Para completar o trabalho, Tadeu Chiarelli escreveu "Amilcar de Castro: Diálogos Efetivos e Afetivos com o Mundo", em que discorre sobre "a característica mais marcante dos trabalhos dele: formas bidimensionais anônimas e fechadas em si mesmas (o retângulo, a circunferência), transformadas por uma ação".
A interlocução de Amilcar sobretudo com pintores, na visão do crítico, foi uma consequência da falta de uma tradição escultórica brasileira. "Tivemos alguns artistas isolados de grande talento -como Brecheret, Celso Antônio, Emendabili e outros-, mas eles não formaram uma escola em que Amilcar e outros pudessem ter se formado e superado seus cânones", diz Chiarelli à Folha. "O diálogo maior de Amilcar parece ter sido com artistas ligados ao plano bidimensional que surgem com suas esculturas: fundamentalmente elas são planos bidimensionais que, por meio da dobra, do corte, ganham o espaço tridimensional", completa.


AMILCAR DE CASTRO CORTE E DOBRA. Vernissage e lançamento do livro: hoje, às 19h. Exposição: de seg. a sex., das 10h30 às 19h. Sáb.: das 11h às 14h. Até 13/3. Onde: Marília Razuk Galeria de Arte (r. Jerônimo da Veiga, 62, loja 2, Itaim, SP, tel. 0/xx/11/3079-0853). Entrada franca.

AMILCAR DE CASTRO CORTE E DOBRA. Editora: Cosac & Naify. Texto: Tadeu Chiarelli. Patrocínio: Clifford Chance. Preço: R$ 65 (187 págs).



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