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ARTES PLÁSTICAS
Livro e versões em 23 cm de grandes obras do escultor propõem exposição comparativa do seu trabalho
Miniaturas elucidam Amilcar de Castro
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Imagine colocar lado a lado as
grandes esculturas em ferro de
Amilcar de Castro (1920-2002)
que estejam originalmente em espaços públicos de cidades como
Belo Horizonte, Berlim, Tóquio,
Caracas, São Paulo, Essex, Paraisópolis e Rio de Janeiro. O que é
bastante difícil para obras de 2 m
ou 8 m de altura acabou ganhando um pouco de simplicidade em
projetos de 23 cm, que são mostrados em "Amilcar de Castro
Corte e Dobra", na galeria Marília
Razuk, em São Paulo, a primeira
exposição póstuma do artista.
A exposição tem 140 peças, executadas em metal SAC 41, com tiragem de três exemplares de cada
forma, e é acompanhada pelo lançamento de um livro homônimo
pela Cosac & Naify, com texto do
crítico de arte Tadeu Chiarelli.
As formas produzidas pelo escultor mineiro são desembaralhadas sobre um único plano, o que
expõe com mais evidência o corte
e a dobra que caracterizam o trabalho de Amilcar. "É uma possibilidade para que o espectador reconheça as formas recorrentes no
trabalho dele", diz o pintor Rodrigo de Castro, 50, filho de Amilcar.
"É uma oportunidade única e histórica de ver esses trabalhos lado a
lado. Nem meu pai os viu assim."
A galerista Marília Razuk conta
que o projeto teve início antes da
morte de Amilcar, quando realizavam a exposição "Amilcar de
Castro e Cinco Artistas Mineiros", em junho de 2002.
"Pedi ao Amilcar que fizesse esses projetos em 23 cm, para a realização de uma exposição que tivesse todas as suas obras. Antes,
não tinha pensado no livro, mas
depois de sua morte achei importante que esse trabalho ganhasse
um registro", explica Razuk.
Para completar o trabalho, Tadeu Chiarelli escreveu "Amilcar
de Castro: Diálogos Efetivos e
Afetivos com o Mundo", em que
discorre sobre "a característica
mais marcante dos trabalhos dele:
formas bidimensionais anônimas
e fechadas em si mesmas (o retângulo, a circunferência), transformadas por uma ação".
A interlocução de Amilcar sobretudo com pintores, na visão do
crítico, foi uma consequência da
falta de uma tradição escultórica
brasileira. "Tivemos alguns artistas isolados de grande talento
-como Brecheret, Celso Antônio, Emendabili e outros-, mas
eles não formaram uma escola em
que Amilcar e outros pudessem
ter se formado e superado seus
cânones", diz Chiarelli à Folha.
"O diálogo maior de Amilcar parece ter sido com artistas ligados
ao plano bidimensional que surgem com suas esculturas: fundamentalmente elas são planos bidimensionais que, por meio da dobra, do corte, ganham o espaço
tridimensional", completa.
AMILCAR DE CASTRO CORTE E DOBRA.
Vernissage e lançamento do livro: hoje,
às 19h. Exposição: de seg. a sex., das
10h30 às 19h. Sáb.: das 11h às 14h. Até
13/3. Onde: Marília Razuk Galeria de Arte
(r. Jerônimo da Veiga, 62, loja 2, Itaim, SP,
tel. 0/xx/11/3079-0853). Entrada franca.
AMILCAR DE CASTRO CORTE E
DOBRA. Editora: Cosac & Naify. Texto:
Tadeu Chiarelli. Patrocínio: Clifford
Chance. Preço: R$ 65 (187 págs).
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