São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Borelli deixa "Lago dos Cisnes" soturno

Coreógrafo é convidado do Balé da Cidade para apresentar sua versão ao clássico russo nos 40 anos da companhia

Com apenas um ato de uma hora e dez minutos, versão contemporânea se baseia no conto original, em que o lago é formado por lágrimas


Patricia Stavis/Folha Imagem
Leitura de Sandro Borelli para "O Lago dos Cisnes"

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sandro Borelli não se acanhou e virou pelo avesso o maior hit da história do balé.
Convidado pela direção do Balé da Cidade de São Paulo para fechar o ano de festejos das quatro décadas da companhia com a sua versão para "O Lago dos Cisnes", o coreógrafo subverteu tudo a que tinha direito.
Coreógrafo contemporâneo, Borelli já trabalhou no Balé da Cidade e, em 1997, criou sua própria companhia, a Cia. Borelli de Dança. Com ela, recebeu dois de seus cincos prêmios da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e criou, em sua maioria, trabalhos inspirados na obra do tcheco Franz Kafka -"A Metamorfose", "O Processo" e "Carta ao Pai", entre outras.
No espetáculo que estréia amanhã no Teatro Municipal, não há cisnes, príncipes ou princesas, mas uma massa de intérpretes formada por 35 bailarinos das companhias 1 e 2 do Balé da Cidade.
A linda e grudenta trilha -que será executada ao vivo pela Orquestra Experimental de Repertório regida pelo maestro Jamil Maluf- foi condensada. E recebeu também intervenções -eletrônicas- criadas pelo músico Gustavo Domingues, parceiro de Borelli nas criações para sua companhia de dança contemporânea.
Os quatro atos do espetáculo original se transformaram em ato único, com uma hora e dez.
O cenário de Jean-Pierre Tortil transforma o lago num pântano e os bailarinos estão vestidos com malhas com mesclas escuras, que nada têm a ver com os tutus românticos da versão clássica. E o título do balé ganhou uma interrogação.

Lago de lágrimas
"Não quis suplantar a genialidade deste balé, apenas estou oferecendo uma visão mais interior dele", diz o coreógrafo, que define sua versão como soturna. "No conto original do balé, o lago nasceu das lágrimas de cisnes enfeitiçados. A partir daí, trabalhei em cima da imagem da dor, da lágrima mesmo." Para não frustrar totalmente os fãs do balé original, o coreógrafo faz algumas citações a momentos marcantes da obra de Petipa e Ivanov: "Eu gosto muito da versão clássica, por isso resolvi relembrar alguns ícones dela, como os momentos dos pas-de-deux do príncipe com o cisne branco e com o cisne negro. Também refiz o pas-de-quatre, transformando-o num quinteto. Quem conhece a história, vai se sentir familiar".
Na história original, o príncipe Siegfried se apaixona pela princesa enfeitiçada Odette (cisne branco), mas a confunde com a princesa má Odile (cisne negro), gerando desencontros. A coreografia havia inspirado Borelli a criar um duo, "Lac", para o mesmo Balé da Cidade, em 2001. Foi justamente desse trabalho que Mônica Mion, diretora da companhia, convidou o coreógrafo.
"Borelli é o coreógrafo paulistano por excelência, uma marca da nossa dança, e além disso queríamos um "Lago" fora do tradicional, algo que ele saber fazer muito bem."


O LAGO DOS CISNES?
Quando: estréia amanhã; sex., sáb. e seg., 20h30; dom., às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/ 3397-0327)
Quanto: R$ 5 a R$ 15
Classificação: não indicado a menores de 5 anos



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