São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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Crítica/"A Princesa e o Sapo"

Disney volta com sucesso a seu velho estilo de animação 2D

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
EDITOR DO FOLHATEEN

Foi preciso que o homem que simboliza a era da animação computadorizada, John Lasseter, da Pixar, lembrasse à Disney do que construiu sua glória: o velho estilo de animações manualmente desenhadas, em 2D. "A Princesa e o Sapo", que estreia hoje, marca a volta do estúdio de Walt (que comprou a Pixar e colocou Lasseter no comando das animações) ao desenho 2D, praticamente abandonado neste século -a última animação do gênero vinda da Disney foi a esquecível "Nem que a Vaca Tussa", de 2004.
E é uma volta em grande estilo: o desenho, dirigido por Ron Clements e John Musker (a dupla que fez "A Pequena Sereia" e "Aladdin"), traz os ingredientes clássicos do estúdio: uma história tradicional atualizada de maneira competente, muitos números musicais de qualidade, humor e emoção.
O filme também traz a primeira princesa negra da história do estúdio (e, vale lembrar, a produção é anterior à presidência de Obama), a bela Tiana, que ainda quebra outro paradigma, o da realeza diletante: é trabalhadora, esforçada e dedicada em busca de seu sonho de abrir um restaurante.
A história se passa na Nova Orleans da Era do Jazz, nos anos 1920 -o que permite criar cenários e musicais incríveis-, onde Tiana é filha de uma família pobre e batalha como garçonete, juntando gorjetas para abrir seu próprio negócio.
Quando topa com o proverbial príncipe transformado em sapo (que tem a voz do brasileiro Bruno Campos no original -o único branco dublando personagem negro), Tiana o beija meio contrariada, apenas para descobrir que o encanto, além de não se quebrar, é contagioso.
Transmutada em um anfíbio, a mocinha precisará encontrar uma maneira de voltar à forma humana correndo contra o tempo para não perder a chance de ter seu restaurante.
Nessa empreitada, será auxiliada por personagens simpáticos como o vaga-lume Ray (dono da cena mais emocionante do filme), o crocodilo trompetista Louis (numa clara homenagem a Armstrong) e a rainha do vodu, Mama Odie.
Também digno de nota é o vilão da trama, dr. Facilier, um feiticeiro brilhantemente animado -suas roupas, suas máscaras e suas magias são visualmente estonteantes.

Para crianças
O desenho, como é típico da Disney, é bem mais infantil do que os da Pixar -seu humor, por exemplo, é mais calcado no pastelão do que na ironia sutil, e sua inescapável lógica rumo ao final feliz é previsível.
Mas nem isso nem a massificação das cópias dubladas, que tiram o prazer de ouvir o som original, chegam a ser um problema para os adultos. A Disney está de volta ao que sempre fez de melhor.


A PRINCESA E O SAPO

Direção: Ron Clements e John Musker
Produção: EUA, 2009
Onde: Cine TAM, Eldorado e circuito
Classificação: livre
Avaliação: ótimo




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