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MÚSICA ERUDITA
Roney Marczak lança disco e edita textos que descobriu nos manuscritos do compositor paulista
Violinista registra inéditos de Guarnieri
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
O violinista brasileiro Roney
Sterza Marczak, 27, decidiu aproveitar o sucesso europeu de seu
último trabalho, o CD "Descobertas", para investir no projeto de
registrar a obra completa do compositor Camargo Guarnieri.
O contato de Marczak com os
inéditos do maestro (1907-1993),
um dos maiores compositores
eruditos do Brasil, aconteceu em
1993, quando ele visitou a viúva
Vera Camargo Guarnieri.
Vera cedeu cópias de todos os
manuscritos do marido ao violinista. "Foi impressionante verificar a quantidade e a qualidade da
obra, tenho mais de 60 quilos de
música", disse Marczak.
Inéditos
Nas mais de 600 obras de Camargo Guarnieri, Marczak descobriu que menos de 20% haviam
sido editadas. Ainda neste ano ele
pretende lançar, na Europa, um
CD especial com arranjos para
violino das obras inéditas do
maestro paulista.
"O inédito é monumental. Na
Europa, Guarnieri é chamado,
por aqueles que tiveram acesso a
esses inéditos, de Prokofiev brasileiro", afirmou.
Serguei Prokofiev (1891-1953),
pianista e compositor russo, é
considerado um dos maiores talentos musicais deste século.
Além do CD, Marczak busca
apoio cultural para editar as obras
completas de Camargo Guarnieri
e de Francisco Mignone (1897-1986), outro compositor de quem
o violinista conseguiu manuscritos exclusivos e inéditos.
De Mignone, do qual é fã confesso, o músico londrinense já
gravou dois inéditos no CD "Descobertas", que será distribuído este ano no país.
O interesse do violinista pelos
inéditos dos compositores brasileiros foi despertado depois de
constatar que não conseguia
comprar no Brasil gravações de
clássicos desses autores.
"Sempre que vinha para cá, eu
tentava encontrar discos ou CDs
desses compositores e não os encontrava no comércio. Decidi
contatar familiares e descobri que
essas obras estavam sendo destruídas pelas traças", afirmou o
violinista. "Virou uma obsessão
recuperá-las."
Menino prodígio
Marczak começou a estudar
violino aos 6 anos em Londrina
(379 km ao norte de Curitiba)
"por ciúmes do irmão mais velho", e se tornou um prodígio.
Entre 1987 e 1990, ele venceu todos os concursos nacionais e internacionais de música dos quais
participou.
Em 1990, ingressou na Musikhochschule (Faculdade de Música) de Fraiburgo (Alemanha). Ele
foi bolsista do governo alemão, e
neste período deixou de participar de concursos para se dedicar a
concertos como solista.
Dois anos mais tarde, depois de
uma apresentação na Alemanha,
Marczak acabou sendo convidado para um solo de violino na capela privada do papa João Paulo
2º. "Foi umas das maiores emoções da minha vida, fiquei quatro
horas tocando no Vaticano", relatou o violinista.
Fazendo mestrado em violino
em Berna (Suíça), depois de formar-se com nota máxima no curso de música na Alemanha, ele
tem planos de retornar definitivamente ao Brasil, criar uma escola
de música e descobrir novos talentos por aqui.
"Meu sonho é criar uma escola
de música. Sei que no Brasil existem muitos talentos que precisam
ser descobertos", afirmou.
Na Suíça, além de turnês por diferentes países da Europa, Marczak atua como violinista da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Berna.
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