São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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CINEMA

Diretor do festival define produção brasileira de Cláudio Torres como "laboratório possível" para o cinema atual

"Redentor" ganha elogios, mas não empolga Berlim

Fabrizio Bensch/Reuters
Convidados chegam para sessão de gala da competição do Festival de Berlim, iniciado anteontem


FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

"Danke, Berlim" (obrigada, Berlim). Com a mesma saudação realizada há sete anos, quando recebeu o Urso de Prata, Fernanda Montenegro subiu ao palco da sala onde foi projetado "Redentor", de seu filho Cláudio Torres. Bem-humorada, ela, ao lado de seus filhos, Cláudio e a atriz Fernanda Torres, ambos roteiristas da produção brasileira, brincou, em inglês: "Já é a terceira vez que estou aqui. Achei que era hora de apresentar minha família", levando a platéia às gargalhadas.
A família Montenegro conversou com o público após a exibição de "Redentor", que abriu a seção Panorama, a segunda mais importante do festival. O filme recebeu aplausos, mas sem grande força, ao contrário do que ocorreu quando ela apresentou "Central do Brasil" (98) e foi aplaudida de pé por mais de dez minutos.
O que levou Wieland Speck, diretor do Panorama, a mostrar a produção brasileira, justo quando a seção comemora 20 anos? "Em primeiro lugar, escolhi "Redentor" porque adorei. Acho que o filme trata artisticamente de problemas reais do país. Ele representa um tipo de laboratório possível para a cinematografia. Além do mais, ele também é ótimo como entretenimento", disse o diretor à Folha.
Antes da exibição, Fernanda comentou o percurso do longa, que sai em DVD no Brasil neste mês, até Berlim. "Ele chegou aqui por méritos próprios, não temos produtores internacionais nem padrinhos, mas o Cláudio não é apenas um diretor, ele é um cineasta", elogiou a atriz.
Speck, durante o debate, chegou a pedir desculpas por um problema técnico ocorrido durante a exibição. Durante dez minutos, não houve sincronização entre som e imagem. "Foi um pesadelo para mim, fiquei sofrendo na cadeira", comentou Cláudio Torres, durante o debate, que, apesar de manter a sala cheia, além do usual nesses eventos em Berlim, teve poucas perguntas. "Redentor" concorre ao prêmio de público.
Ontem, a mostra competitiva da Berlinale exibiu "Thumbsucker" (chupador de dedo), primeiro longa do diretor de videoclipes Mike Mills (Moby, Air), da turma de Sofia Coppola e Spike Jonze.
Sem ser pretensioso e de forma bastante naturalista, Mills traça o perfil de um adolescente americano, Justin (interpretado pelo novato Lou Taylor Pucci), cheio de complexos, como o vício de chupar o dedo, que é diagnosticado como hiperativo na escola onde estuda e passa a tomar medicamentos. Eufórico, ele se torna um estudioso exemplar, até perceber que os medicamentos o tornaram um ser por demais independente e prefere voltar à vida normal.
Assim como "Elefante", de Gus van Sant, "Thumbsucker" trata da vida de adolescentes das pequenas cidades norte-americanas, mas com menos dramaticidade. A produção, com boas interpretações de Keannu Reeves e Tilda Swinton, fez com que os jornalistas saíssem da sala de exibição em Berlim com um sorriso reconfortante.

O jornalista Fabio Cypriano viaja a convite da organização do festival


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