São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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Canal Brasil celebra folia em filmes

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

"O Jamelão não gosta de ser chateado", ensina Nelson Sargento, companheiro de Mangueira. O famoso mau humor do cantor é um dos temas de "Jamelão, 90 Anos", documentário inédito de Marco Altberg que será exibido nesta terça, às 20h, no primeiro dia da programação de Carnaval do Canal Brasil -que vai até 24/2.
Tão consagrado é o seu mau humor que surpreende a disposição de Jamelão de dar uma longa entrevista ao diretor. Mas é como ele mesmo explica no filme: "Só vou aonde eu quero". Altberg já o conhecia da época de "Mangueira Documental" (2000), que passará nos dias 21 e 22, às 17h30.
A entrevista é o fio condutor de um documentário que gasta muito tempo com as homenagens aos 90 anos de Jamelão, completados em maio de 2003. Mas há bons trechos de depoimentos de Sargento, Leci Brandão e Chico Buarque. "O Jamelão tem o tempo dele. É preciso respeitar", diz Chico sobre o tal humor.
Ainda há pedaços que mostram o outro lado de Jamelão: o do contador de histórias engraçadas. Em um show gravado em 2003, ele conta algumas, como a recusa em receber um selinho na boca da apresentadora Hebe Camargo. "Na época em que era para valer, ela não quis", diz, referindo-se aos tempos de juventude.
A programação tem mais quatro documentários inéditos, que formam uma série dirigida por Alexandre Iglesias. "Escola de Bamba", que será exibido na quarta-feira, às 19h30, é um bom painel sobre a história das escolas de samba: dos pioneiros do bairro do Estácio que criaram a Deixa Falar -na verdade, um bloco, mas que deu origem às escolas- à espetacularização dos desfiles das últimas décadas.
O filme, de 26 minutos, termina mal, com uma tediosa história contada por Neguinho da Beija-Flor, mas tem ótimos depoimentos de Martinho da Vila, Monarco, líder da Velha Guarda da Portela, Aluísio Machado, autor de "Bum Bum Paticumbum Prugurundum" e outros sambas do Império Serrano, Hélio Turco, maior vencedor da história da Mangueira, o carnavalesco Fernando Pamplona e outros. Imagens de antigos desfiles são o maior charme do documentário.
Os outros da série são "Bonde, Um Bloco Carnavalesco", "Madrinhas do Carnaval" e "Samba de Partido Alto". Este serve como introdução a esse subgênero do samba, mas não aprofunda.
Composta de 29 títulos, a maioria documentários, a programação também tem filmes de ficção, como chanchadas dos anos 50, "Quando o Carnaval Chegar" (1972), de Cacá Diegues, e "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), de Bruno Barreto.


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