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TELEVISÃO
Fãs de "Desperate Housewives" se identificam com características das personagens; 2ª temporada estréia quinta
Série americana vira novo espelho feminino
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
A recepcionista Luciana Millaneli, 29, ainda não é uma mulher
casada com filhos e uma vida pacata. Mas já imagina como será no
dia em que isso acontecer. "Acho
que vai ser meio parecido com
"Desperate Housewives'", ela diz.
O seriado que inspira Luciana
mostra a vida de cinco donas-de-casa de subúrbio americano: Linett, Susan, Bree, Edie e Gabrielle.
A vida das moças, narrada por
uma amiga delas que se mata no
primeiro episódio, fez com que o
seriado virasse campeão de audiência nos EUA. Por aqui, também serve de espelho para telespectadoras como Luciana, que se
identificam com as personagens.
A segunda temporada de "Desperate", que venceu o mais recente Globo de Ouro na categoria série de TV de comédia/ musical,
estréia nesta quinta-feira, às 20h,
no Sony, com vários enigmas revelados.
Para as fãs, um deleite, já que
elas falam das personagens com
intimidade, como se fossem amigas delas. Ou melhor, como se
fossem elas próprias. "Eu sou a
Susan, ela é superparecida comigo, meio maluca. Mas às vezes até
que eu gostaria de ter a coragem
da Eddie", diz Luciana.
Pode parecer conversa de maluco. Mas isso significa que a moça
se sente uma mulher normal,
meio neurótica e romântica, mas
que gostaria de ser mais prática e
amoral. Isso porque cada uma das
personagens (como em "Sex and
the City") é um estereótipo bem-formado. Bree é uma mulher fria,
com mania de limpeza. Linette é a
que largou a carreira para ter uma
penca de filhos. Susan é uma mãe
solteira louca por um novo amor.
Eddie dá em cima dos namorados
das amigas. Gabrielle é casada
com um homem rico e amante até
do jardineiro.
"A série faz sucesso porque são
mostrados comportamentos femininos em formato de caricatura", diz a produtora Kika Pereira,
43. Segundo ela, a série exibe desejos femininos levados às últimas conseqüências. "A gente pode ter vontade de matar o marido,
mas claro que não vamos fazer isso na vida real. O legal é que, como é ficção, elas vão lá e fazem."
A produtora diz que "gostaria
de ser controlada como a Bree".
"Mas não sou. Sou meio histérica,
choro muito. Acho que sou mais
parecida com a Susan."
A tradutora Alyne Azuma, 26,
se considera uma mistura das
personagens. "Mas no momento
sou mais parecida com a Lynett,
nessas coisas de ter muito o que
fazer e colocar o pé pelas mãos."
O fanatismo é tão grande que algumas telespectadoras são capazes de fazer projeções para o futuro. "Acho que eu sou parecida
com a Susan porque faço o que
quero, mas quando tiver filhos
posso ficar parecida com a Linett", diz a estudante Melissa
Campanini, 23.
As fãs consideram o seriado do
momento uma espécie de "Sex
and the City" com mulheres casadas. "É um pouco parecido com o
futuro de "Sex", sim. Os seriados
têm em comum essa coisa de amizade entre as mulheres", diz Alyne. Prova disso é a mania de brincar de "quem é quem". Existem
vários desses testes sobre "Sex" na
internet. Agora, começa a mania
por "Housewives" -um acordo
entre a Disney e a Rede TV! já prevê uma versão brasileira da série.
Por que tanta identificação?
"Acho que toda mulher se identifica com uma das personagens,
essa coisa de se apaixonar, ser ligada às amigas, trair", diz Luciana. Na vida real, ela diz que não
seria capaz de casar com um homem rico e ter um caso com o jardineiro. "Mas até que é engraçado
quem é corajosa assim", diz. Sim,
as heroínas do momento são capazes de matar e trair.
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