São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Fãs de "Desperate Housewives" se identificam com características das personagens; 2ª temporada estréia quinta

Série americana vira novo espelho feminino

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

A recepcionista Luciana Millaneli, 29, ainda não é uma mulher casada com filhos e uma vida pacata. Mas já imagina como será no dia em que isso acontecer. "Acho que vai ser meio parecido com "Desperate Housewives'", ela diz.
O seriado que inspira Luciana mostra a vida de cinco donas-de-casa de subúrbio americano: Linett, Susan, Bree, Edie e Gabrielle. A vida das moças, narrada por uma amiga delas que se mata no primeiro episódio, fez com que o seriado virasse campeão de audiência nos EUA. Por aqui, também serve de espelho para telespectadoras como Luciana, que se identificam com as personagens.
A segunda temporada de "Desperate", que venceu o mais recente Globo de Ouro na categoria série de TV de comédia/ musical, estréia nesta quinta-feira, às 20h, no Sony, com vários enigmas revelados.
Para as fãs, um deleite, já que elas falam das personagens com intimidade, como se fossem amigas delas. Ou melhor, como se fossem elas próprias. "Eu sou a Susan, ela é superparecida comigo, meio maluca. Mas às vezes até que eu gostaria de ter a coragem da Eddie", diz Luciana.
Pode parecer conversa de maluco. Mas isso significa que a moça se sente uma mulher normal, meio neurótica e romântica, mas que gostaria de ser mais prática e amoral. Isso porque cada uma das personagens (como em "Sex and the City") é um estereótipo bem-formado. Bree é uma mulher fria, com mania de limpeza. Linette é a que largou a carreira para ter uma penca de filhos. Susan é uma mãe solteira louca por um novo amor. Eddie dá em cima dos namorados das amigas. Gabrielle é casada com um homem rico e amante até do jardineiro.
"A série faz sucesso porque são mostrados comportamentos femininos em formato de caricatura", diz a produtora Kika Pereira, 43. Segundo ela, a série exibe desejos femininos levados às últimas conseqüências. "A gente pode ter vontade de matar o marido, mas claro que não vamos fazer isso na vida real. O legal é que, como é ficção, elas vão lá e fazem."
A produtora diz que "gostaria de ser controlada como a Bree". "Mas não sou. Sou meio histérica, choro muito. Acho que sou mais parecida com a Susan."
A tradutora Alyne Azuma, 26, se considera uma mistura das personagens. "Mas no momento sou mais parecida com a Lynett, nessas coisas de ter muito o que fazer e colocar o pé pelas mãos."
O fanatismo é tão grande que algumas telespectadoras são capazes de fazer projeções para o futuro. "Acho que eu sou parecida com a Susan porque faço o que quero, mas quando tiver filhos posso ficar parecida com a Linett", diz a estudante Melissa Campanini, 23.
As fãs consideram o seriado do momento uma espécie de "Sex and the City" com mulheres casadas. "É um pouco parecido com o futuro de "Sex", sim. Os seriados têm em comum essa coisa de amizade entre as mulheres", diz Alyne. Prova disso é a mania de brincar de "quem é quem". Existem vários desses testes sobre "Sex" na internet. Agora, começa a mania por "Housewives" -um acordo entre a Disney e a Rede TV! já prevê uma versão brasileira da série.
Por que tanta identificação? "Acho que toda mulher se identifica com uma das personagens, essa coisa de se apaixonar, ser ligada às amigas, trair", diz Luciana. Na vida real, ela diz que não seria capaz de casar com um homem rico e ter um caso com o jardineiro. "Mas até que é engraçado quem é corajosa assim", diz. Sim, as heroínas do momento são capazes de matar e trair.


Texto Anterior: Coleção Folha: Gershwin, Ravel e Debussy são as atrações do próximo volume
Próximo Texto: DVDs - Documentário/"A Batalha de Argel": Guzmán deixa a esquerda perplexa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.