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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Miele para crianças
Estilista, que desfila na semana que vem em Nova York, vai lançar grife de luxo para meninas entre três e 12 anos
O estilista Carlos Miele é incansável. Dono da M. Officer e
da marca de luxo Carlos Miele,
ele criou recentemente a Miele,
linha mais jovem e acessível, e a
Carlos Miele para Homens.
Agora, se prepara para lançar,
neste ano, uma grife para crianças, que ainda não tem nome.
A nova marca será inteiramente dedicada às meninas,
entre três e 12 anos. "Serão roupas infantis mais sofisticadas,
em parte inspiradas no meu repertório criativo", conta o estilista, que se tornou pai há pouco mais de um ano.
Ele não pode, porém, falar a
respeito do filho que teve com a
ex-mulher, a modelo Renata
Castro. "Um contrato me impede de falar dele", explica, sem
dar mais detalhes. As peças infantis serão vendidas em todas
as lojas Carlos Miele.
Com tantas marcas, capitaneadas pela vigorosa M. Officer, de onde vem o principal faturamento de seus negócios,
Carlos Miele é em si mesmo um
grupo de moda. "Estou tentando sê-lo", diz. Mas ele faz questão de distinguir seu trabalho
do realizado pelos demais grupos que surgiram e se estabeleceram no mercado brasileiro
nos últimos anos.
"O que está acontecendo no
Brasil no momento é que o capital especulativo descobriu a
moda. Esse capital investe em
dez setores diferentes, inclusive o de roupas, mas só vai ficar
com aquelas empresas que derem dinheiro" diz. E o estilista
faz outra ressalva à nova onda
de compras e vendas de grifes.
"Esses investidores não são como nós, que vivemos só para a
moda e vamos morrer fazendo
isso", afirma.
Miele é também um dos dois
nomes mais conhecidos da moda brasileira no exterior, ao lado do estilista paulistano Alexandre Herchcovitch.
Tem duas lojas fora do país,
em locais requintados -em Paris, na rua Saint Honoré; em
Nova York, no Meatpacking
District. Tanto Herchcovitch
quanto Miele vão apresentar
suas coleções na próxima semana na fashion week nova-iorquina, que começou ontem
(leia mais nesta página).
No exterior, porém, as coisas
não andam assim tão bem para
os negócios de moda, depois da
crise econômica que se abateu
sobre o mundo, sobretudo nos
Estados Unidos e na Europa,
desde o início de 2009.
"Eu vinha crescendo e, desde
o ano passado, houve uma redução desse crescimento, como
aliás ocorreu com a maioria das
outras empresas de moda. A situação foi pior na França. Lá fora, eles vão ter de criar, na indústria fashion, uma nova maneira de fazer as coisas. O jeito
como a moda costumava ser
analisada também está em crise, é uma revolução", conta.
Para o estilista, foi sobretudo
o marketing e a publicidade que
produziram, nas últimas décadas, o chamado prêt-à-porter
de luxo. "As marcas ditas de luxo criavam uma bolsa, que multiplicavam em milhões de unidades, divulgando-a em campanhas caríssimas com fotógrafos
e modelos famosos. Isso não
funciona mais, porque você pode ter similares muito mais baratos. O luxo voltará a ser feito
de produtos exclusivos, criados
em pequena escala", afirma.
Miele também vê uma forte
mudança na moda provocada
pelas compras via internet. "As
pessoas passaram a comparar
os preços antes de sair às compras. Na internet, o consumidor é ativo e, além disso, está
mais inteligente. Não vai pagar
caro por algo que é feito em larga escala se puder ter um similar mais em conta." Ainda neste
ano, o estilista lança sites de
vendas online da M. Officer e
da Miele (não da Carlos Miele),
seguindo a tendência das grandes marcas internacionais.
Recém-mudado para o shopping Cidade Jardim com o seu
ateliê, que fica no segundo piso
da nova loja Carlos Miele, de
500 m2 (desenhada pelo próprio Miele), o estilista planeja
voltar, talvez neste ano, às passarelas brasileiras. Mas não para a São Paulo Fashion Week,
com a qual rompeu há décadas.
Ele deve desfilar sua coleção
em um novo projeto, ainda
mantido em segredo. "O Brasil
tem necessidade de uma fashion week menos focada no
marketing e nas marcas de difusão. A Colcci, por exemplo,
tem a Gisele, mas não tem moda. É preciso algo mais centrado na própria criação de moda
e que provoque discussões como uma bienal de arte", diz.
com VIVIAN WHITEMAN
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