São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998

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Natureza morta

HELOISA SEIXAS
As flores estão sobre a mesa. Suas pétalas delicadas, cor-de-rosa, são seda orvalhada na ponta das hastes, de onde saem também as folhas, de um verde intenso, brilhante. Em meio aos botões de rosa, há flores de outra espécie, mais rubras, mais abertas, cujas pétalas generosas deixam entrever um miolo escuro, quase negro. O arranjo, colocado num vaso de pedra, é de uma beleza tão perfeita que chego mais perto para olhar melhor. E só então percebo que as flores são falsas. É estranho. O mundo "fake" está ficando tão perfeito que em breve o falso será o real.



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