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ARTES PLÁSTICAS
Olafur Eliasson disse em São Paulo que deve criar uma obra que "mexa com a variação de temperatura"
Bienal anuncia participante dinamarquês
FERNANDO OLIVA
da Redação
A 24ª Bienal de São Paulo apresentou ontem o primeiro artista
do segmento "Representações
Nacionais". O dinamarquês Olafur Eliasson é o primeiro selecionado para ocupar o térreo do prédio da Bienal, escolhido para abrigar a seção.
Em entrevista coletiva na manhã
de ontem, Eliasson disse ainda
não saber exatamente o que pretende produzir para esta Bienal, já
que o artista dialoga com o espaço
em torno da obra -trabalho conhecido como "site-specific"-
e, recém-chegado, ainda não teve
tempo de observar o prédio.
"Provavelmente devo produzir
algo que mexa com a variação de
temperatura", afirma ele. "Pretendo inventar algo estritamente
relacionado à cidade de São Paulo
e que não possa, por exemplo, ser
exposto na Alemanha."
"Hoje, Oslo, São Paulo, Copenhague são todas cidades muito
parecidas, o que impõe uma padronização e generalização do que
sentimos", acredita Eliasson. "Eu
trabalho com a oposição a isso tudo, busco a individualização, quero produzir experiências únicas
em cada obra."
Eliasson disse ainda que pode
criar para a Bienal usando a luz
natural do ambiente, como já
aconteceu em outras oportunidades, como na instalação "'Your
Sun Machine", quando ele abriu o
círculo no teto de uma galeria,
produzindo reflexos no chão de
acordo com as variações da luz solar. "Dessa forma, tinha-se a impressão de que o espaço interno
estava se movimentando com o
passar do tempo", diz ele.
Eliasson costuma ser associado à
tradição da arte povera italiana,
movimento que produzia basicamente os elementos da natureza.
"The Curious Garden"', por
exemplo, recria um bosque dentro
da galeria, com árvores secas de
3,5 metros de altura. Outras obras
do artista trazem para espaços internos o movimento e as cores refletidas pela água. "Não pretendo
apenas recriar a natureza, mas dar
ao espectador a chance de experimentar e perceber por si só."
Van Gogh
Júlio Landmann, presidente da
Fundação Bienal de São Paulo,
disse ontem que, a partir dessa
edição, a designação "internacional" foi excluída do nome do
evento, que volta a se chamar Bienal de São Paulo. "Com essa
quantidade de artistas internacionais que vêm comparecendo há
muito tempo, tornou-se uma
enorme redundância dizer que o
evento é internacional", disse ele.
De acordo com Landmann, também foi decidida a exclusão da sala
especial do pintor Henri Matisse.
"O material que conseguiríamos
não seria de qualidade e nem de
interesse da curadoria."
A sala Van Gogh foi confirmada
e terá 20 telas do pintor holandês.
Mas Landmann avisa que a
maioria dos artistas internacionais que integram as mostras especiais não terá tantas obras expostas: "Esta não é uma Bienal de
espaços museológicos estanques,
mas um conjunto antropofágico.
A idéia não é fazer retrospectivas
de Magritte, Munch ou Géricault". A 24ª edição da Bienal
acontece entre os dias 4 de outubro e 13 de dezembro. Este ano o
tema é antropofagia.
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