São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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ARTES PLÁSTICAS
Obras de artistas brasileiros se destacam pela heterogeneidade, delicadeza e elegância no evento espanhol
Polêmica marca abertura da feira Arco

CELSO FIORAVANTE
enviado especial a Madri

Tudo aconteceu como o previsto em qualquer abertura de feira de arte em qualquer grande cidade do mundo. Na manhã de anteontem, na coletiva de apresentação à imprensa da feira de arte contemporânea Arco, em Madri (Espanha), um pouco de polêmica. À noite, na abertura oficial do evento, discursos, canapés e uma quantidade tão grande de convidados que se tornou impossível uma visita mais atenta aos estandes da feira.
Na falta de uma bienal, a feira Arco cumpriu mais uma vez a função de abastecer Madri com arte contemporânea e com a movimentação social que o setor exige.
A polêmica se deu pela exclusão e consequente revolta de cerca de dez galerias espanholas do evento.
Rosina Gómez-Baeza, sua diretora, não justificou as ausências, mas foi enfática na defesa das galerias selecionadas. "Defendemos um modelo específico de galerismo que trabalha para a criação de um colecionismo e de um mercado de arte contemporânea no país em que as galerias atuam", disse.
Aproveitou para fazer uma crítica direta à feira da Basiléia, na Suíça, a mais tradicional e principal concorrente da feira espanhola na Europa. "Nós não pretendemos errar jamais, mas trocamos nossos conselheiros a cada quatro anos. No conselho da Basiléia, há pessoas que permanecem 25 ou 30 anos", disse a diretora.
A presença brasileira se destacou principalmente nos quatro "project rooms", espaços dedicados a apenas um artista. As obras de Iran do Espírito Santo, Sandra Cinto, Edgard de Souza e Rochelle Costi se destacavam tanto pela heterogeneidade do conjunto quanto por sua delicadeza e elegância, como ressaltou o curador Dan Cameron, do New Museum of Contemporary Art, de Nova York.
A galerista Luisa Strina já respirava aliviada no primeiro dia do evento, depois de ter vendido uma escultura de Edgard de Souza a um colecionador nova-iorquino. Fabio Cimino, da galeria Brito Cimino, também se mostrava confiante. "Fiz dois bons contatos que deverão se concretizar."
Outro destaque do evento também veio da América do Sul. A argentina Nicola Costantino, artista que esteve na última Bienal de São Paulo, mostrou bolas feitas com corpos de galinhas e uma escultura realizada com um feto de boi. A artista se destaca ao manipular cadáveres de forma sutil e perversa, dando novas formas aos corpos de animais e relacionando-os a objetos de consumo e de prazer.
Também curiosa foi a apresentação de uma outra faceta do músico e produtor David Byrne (ex-Talking Heads), que representou a galeria Lipanjepuntin, de Trieste (Itália), com uma série de fotografias e backlights na instalação pop-futurista "Your Action World".


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