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ARTES PLÁSTICAS
Obras de artistas brasileiros se destacam pela heterogeneidade, delicadeza e elegância no evento espanhol
Polêmica marca abertura da feira Arco
CELSO FIORAVANTE
enviado especial a Madri
Tudo aconteceu como o previsto
em qualquer abertura de feira de
arte em qualquer grande cidade do
mundo. Na manhã de anteontem,
na coletiva de apresentação à imprensa da feira de arte contemporânea Arco, em Madri (Espanha),
um pouco de polêmica. À noite, na
abertura oficial do evento, discursos, canapés e uma quantidade tão
grande de convidados que se tornou impossível uma visita mais
atenta aos estandes da feira.
Na falta de uma bienal, a feira Arco cumpriu mais uma vez a função
de abastecer Madri com arte contemporânea e com a movimentação social que o setor exige.
A polêmica se deu pela exclusão e
consequente revolta de cerca de
dez galerias espanholas do evento.
Rosina Gómez-Baeza, sua diretora, não justificou as ausências,
mas foi enfática na defesa das galerias selecionadas. "Defendemos
um modelo específico de galerismo que trabalha para a criação de
um colecionismo e de um mercado
de arte contemporânea no país em
que as galerias atuam", disse.
Aproveitou para fazer uma crítica direta à feira da Basiléia, na Suíça, a mais tradicional e principal
concorrente da feira espanhola na
Europa. "Nós não pretendemos errar jamais, mas trocamos nossos
conselheiros a cada quatro anos.
No conselho da Basiléia, há pessoas que permanecem 25 ou 30
anos", disse a diretora.
A presença brasileira se destacou
principalmente nos quatro "project rooms", espaços dedicados a
apenas um artista. As obras de Iran
do Espírito Santo, Sandra Cinto,
Edgard de Souza e Rochelle Costi
se destacavam tanto pela heterogeneidade do conjunto quanto por
sua delicadeza e elegância, como
ressaltou o curador Dan Cameron,
do New Museum of Contemporary Art, de Nova York.
A galerista Luisa Strina já respirava aliviada no primeiro dia do
evento, depois de ter vendido uma
escultura de Edgard de Souza a um
colecionador nova-iorquino. Fabio Cimino, da galeria Brito Cimino, também se mostrava confiante. "Fiz dois bons contatos que deverão se concretizar."
Outro destaque do evento também veio da América do Sul. A argentina Nicola Costantino, artista
que esteve na última Bienal de São
Paulo, mostrou bolas feitas com
corpos de galinhas e uma escultura
realizada com um feto de boi. A artista se destaca ao manipular cadáveres de forma sutil e perversa,
dando novas formas aos corpos de
animais e relacionando-os a objetos de consumo e de prazer.
Também curiosa foi a apresentação de uma outra faceta do músico
e produtor David Byrne (ex-Talking Heads), que representou a galeria Lipanjepuntin, de Trieste
(Itália), com uma série de fotografias e backlights na instalação pop-futurista "Your Action World".
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