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CRÍTICA
Os robôs também amam
DE PARIS
Nem é preciso olhar no dicionário para entender que
"Discovery", o nome do novo disco do duo francês Daft Punk, quer
dizer "descoberta".
Mas, talvez na lógica de Thomas
Bangalter e Guy-Manuel de Homem Christo, os nomes humanos
por trás das máscaras de robô do
Daft Punk, "Discovery" também
queira dizer "redescoberta". Uma
olhada para o passado com a experiência de quem já estava com
os pés no futuro antes da maioria
das pessoas.
O CD abre com "One More Time", música eletrônica que pode
agradar a qualquer um. Se existe
música eletrônica popular -porcarias não valem-, é isso que pode se dizer da música.
"Vamos comemorar mais uma
vez", diz a letra, cantada em inglês
e com a voz devidamente retorcida por vocoder -efeito que até
Madonna passou a usar na voz,
influenciada pela música eletrônica francesa.
Depois vem "Aerodynamic",
um funk repetitivo, que abre espaço para solo metaleiro de guitarra. Bem à moda do Daft Punk,
que gosta de repetir frases musicais à exaustão sem nunca soar
chato. É a maneira particular deles de praticar transe.
Daí vem "Digital Love", uma
balada dançante que invoca Supertramp pelo uso de teclados
Wurlitzer, que eram marca registrada da banda que fazia hit atrás
de hit nos anos 80.
"Harder, Better, Faster, Stronger" mistura o lado pop non-sense dos ingleses do The Cure, do
começo dos anos 80, com a música eletrônica que se fazia naquela
década, de grupos como o Depeche Mode.
A instrumental "Short Circuit"
bem que parece ter saído do disco
"Japanese Whispers", do The Cure. "Crescendolls" mistura a música eletrônica oitentista (quem se
lembra de "Video Killed The Radio Star", do Buggles?) com disco
music.
O disco segue promovendo um
encontro feliz entre o pop eletrônico dos anos 80 e a disco music
da década de 70. A house, ritmo
que consagrou o Daft Punk no
disco de estréia, entra mais como
um adorno, uma maneira de
amarrar as 14 músicas do CD.
Em "Something about Us", um
funk arrastado, lento, o Daft Punk
desacelera o ritmo de "Discovery"
para falar de amor. "Preciso de
você mais do que qualquer coisa
na vida", diz a música. Então, robôs também amam.
(CLAUDIA ASSEF)
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