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MÚSICA
Duo francês faz hoje lançamento mundial de "Discovery"
"Autômatos" do Daft Punk fabricam segundo CD
CLAUDIA ASSEF
DE PARIS
No alto-falante de um supermercado movimentado de Plaisance, bairro classe média de Paris, a música "One More Time",
do duo francês Daft Punk, toca
várias vezes por dia, entre anúncios de promoções de queijos e
descontos nas gôndolas de perfumaria.
A alguns quilômetros dali, na
Queen, badalada casa noturna
que fica na avenida Champs-Elysées, a pista lota assim que a tal
música começa a tocar.
"One More Time", a faixa que
funciona tanto em entediantes
tardes em supermercados quanto
em pistas descoladas parisienses,
é o primeiro single de "Discovery", novo e esperado disco do
Daft Punk, que chega na madrugada de hoje às lojas de CDs do
mundo todo.
Como o resto do disco, "One
More Time" é música eletrônica
acessível, quase irresistível, mas
nem por isso burra.
Com apenas dois discos lançados na carreira, o Daft Punk, ou
"punks idiotas", é o maior fenômeno da música moderna francesa. Eis o porquê:
1) Mesmo sem lançar disco em
2000, o Daft Punk foi o grupo
francês que mais exportou CDs
no ano passado: cerca de 2,5 milhões de cópias de "Homework",
o disco de estréia, lançado em 97,
foram vendidas nos quatro cantos
do planeta;
2) O single de "One More Time"
vendeu 400 mil cópias no mundo
todo em dois meses. Detalhe: a
música entrou direto no primeiro
lugar das listas da mais tocadas
em rádios na França, Japão, EUA
e Canadá;
3) Com "Discovery", o grupo
inaugura o Daft Club, um sistema
inédito de download de música
pela Internet. Inspirado no Napster, o Daft Club tem um mecanismo de proteção que só permite
download -de versões exclusivas, videoclipes etc.- aos portadores do cartão Daft Club, que
vem encartado no novo CD;
4) Depois de trabalhar com diretores de cinema concorridos,
como Roman Copolla, o duo teve
o clipe de "One More Time" realizado por Leiji Matsumoto, mestre
japonês do mangá e de desenhos
animados.
Robôs camaradas
Apesar do status de estrelas da
música francesa, os parisienses
Thomas Bangalter, 26, e Guy-Manuel de Homem Christo, 27, conseguem viver bem longe de qualquer tipo de assédio.
Isso porque desde que viraram
Daft Punk, Bangalter e Homem
Christo escondem os rostos atrás
de máscaras.
Segundo eles, é uma maneira de
manter os pés no chão. Ou como
disse Bangalter, numa das poucas
entrevistas concedidas à imprensa francesa: "As caras dos robôs
são bem mais simpáticas que as
nossas caras humanas". OK, então. Daí que os moços do Daft
Punk são pessoas normais, que
vão até a padaria da esquina sem
que ninguém os incomode.
Depois do sucesso mundial de
"Homework", que tinha hits explosivos como "Da Funk" e
"Around the World", os "punks"
que não têm nada de "idiotas"
quiseram caprichar.
Fecharam-se durante dois anos
em estúdio. Pesquisaram, ouviram, gravaram e regravaram. Até
que "Discovery" ficou do jeito
que eles queriam.
"A idéia era mesclar um pouco
de tudo. Colocar heavy metal, por
exemplo, no meio de uma fusão
de soul, house e disco music. Não
queríamos fazer outro "Homework'", resumiu Thomas Bangalter a uma revista francesa.
"Discovery" traz à tona um caldeirão de influências dos dois
músicos: pop dos anos 80, disco
music, funk (o bom e velho funk,
sublinhe-se).
Quando formaram a primeira
banda juntos, a Darlin, Bangalter
e Homem Christo tinham 12 anos
de idade. A música era só uma
forma de vencer a timidez nos
corredores da escola.
Hoje, 15 anos mais tarde, o Daft
Punk é tudo o que os fãs da família Jetsons poderiam esperar de
uma banda dos anos 2000: uma
dupla de robôs bonzinhos que fazem música perfeita.
Disco: Discovery
Artista: Daft Punk
Lançamento: Virgin
Quanto: R$ 25 (em média)
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