São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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Brazil

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Deviam proibir em contrato essa história de artista internacional fazer "homenagens" ao Brasil quando vêm tocar por aqui. Das duas horas em que o superDJ Fatboy Slim tocou no domingo passado, no Rio, mais da metade tinha gracinhas como "Copacabana", a original do "Utererê", "Garota de Ipanema".
Até a voz do Velosão foi usada. Brasileirismos fora, apenas por duas vezes o mega Norman Cook fez jus ao seu gordo cachê para trazer ao Rio sua audaciosa festa Big Beach Boutique. Primeiro ao tocar a deliciosa "Hear My Name", o hino eletrônico destes tempos na Inglaterra, do DJ Armand van Helden.
Mexida por Cook, com aquela lua de fundo e o Pão de Açúcar iluminado, foi perfeito. Depois, aí sim, ao mostrar sua versão para a "internacional" "Quem que Cagüetô", do Tejo, Speed e Black Alien, a "nossa" música do comercial da Nissan européia.

Bello Mutantes
Pensando nesse irritante agradinho gringo ao Brasil, esta coluna entrevistou quarta o músico Steve Jackson, do Belle & Sebastian, cujo valioso DVD retrospectiva está sendo lançado nesta semana no Brasil, pela Trama. É o ótimo "Fans Only", destinado para aqueles que estão representados no título. Quando o grupo veio ao Brasil, nos calorosos shows do Free Jazz Festival em 2001, a grande bossa em cima da banda era a versão escocesa para "Minha Menina", canção dos Mutantes, que o B&S dizia adorar e tal. Todos noticiaram.
A banda tocou "Minha Menina" em um especial da MTV, nos dois shows do festival (Rio e SP) e foi tema de um bloco inteiro do programa do Jô Soares, que está na íntegra no DVD. Cantaram em português, com um papel com a letra na mão e tal. Baita boa vontade. Mas a presepada de sempre.
No final da entrevista, perguntei se ele já sabia cantar "Minha Menina" sem ter que ler no papel. Ele falou que não, imagina. Perguntei: vocês nunca mais cantaram a música, em nenhuma outra ocasião? Ele: "Não. Nunca mais. No Brasil até comprei um disco do grupo da música, mas acho que perdi na viagem. Nunca mais o vi". Ele claramente não lembrava mais o nome dos Mutantes. Mesmo com "Minha Menina" tendo ganhado um grande espaço para a "homenagem brasileira" nesse DVD que sai. Nunca soube que o Sepultura foi fazer shows em festivais ingleses e tocou "She Loves You", dos Beatles.

Ryan Adams
O guitar-hero indie Ryan Adams está copiando o Jack White, do White Stripes. Postou no site dele fotos punk e imagens de raios X do seu pós-operatório.
Como White fez quando fraturou seu dedo no ano passado, Adams, que quebrou o pulso durante uma queda em pleno show, em Liverpool, revelou seu lado "E.R." em foto e vídeo. E, melhor que o guitarrista do White Stripes, Adams mostrou a quebra em som também. No seu site (www.ryan-adams.com), ele liberou para audição a música "Shadowlands", ao vivo em Liverpool, que estava sendo interpretada pelo guitarrista no instante em que caiu do palco e fraturou feio o pulso esquerdo. Ouve lá.
A música vai chegando ao fim e você ouve o "tum". Acho que o próprio Adams fala "quebrou". E a canção continuou, esquálida, sem Adams. No final, uma voz aparece e diz que aquela havia sido a última música da apresentação. Adams pode perder até 25% dos movimentos do pulso.

lucio@uol.com.br


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