São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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CINEMA

Cópias do filme dirigido por Mel Gibson são encontradas em bancas de camelô de São Paulo e Campo Grande (MS)

Pirataria já lucra com "A Paixão de Cristo"

Reuters
Cena de "A Paixão de Cristo", que tem cópias piratas sendo comercializadas desde a última segunda-feira em SP e Campo Grande


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Se fosse para situá-los em uma história bíblica, eles poderiam ser os vendilhões do templo. Nos tempos atuais, são camelôs de Campo Grande que vendem por R$ 10 o filme "A Paixão de Cristo" em VCD (suporte de média qualidade, que não é reproduzido por todos os aparelhos de DVD). Tem o formato das telas de cinema e vem legendado em português.
O filme, com estréia marcada para o dia 19 no Brasil, é um polêmico longa de Mel Gibson, 48. Trata das 12 últimas horas da vida de Jesus Cristo. Nos EUA, estreou no dia 25 de fevereiro, arrecadando US$ 117 milhões nos EUA nos primeiros cinco dias de exibição.
No camelódromo de Campo Grande, local montado pela prefeitura e que reúne mais de cem barracas de camelôs, o filme é vendido por enquanto em apenas uma banca. No DVD é possível ver no camelódromo a cena do sofrimento de Cristo, sendo espancado, chicoteado.
"Eu também vou ter o CD na próxima semana", explicam vendedores que comercializam todo material eletrônico pirateado.
Na banca que ainda detém exclusividade na comercialização do CD, os camelôs preferem não dar os nomes. Eles disseram que "baixaram o filme" da internet. Um processo que durou de cinco a sete horas.
"Primeiro você grava no computador. Depois faz cópias em menos de dez minutos", afirmou um dos vendedores. O camelô disse que vendeu desde anteontem pelo menos 40 cópias. "Não tem jeito. Com a internet você pode ter qualquer filme", acrescenta outro vendedor.
Na explicação dos camelôs, "alguém teria entrado no cinema dos EUA com uma câmera digital e feito a cópia" do polêmico filme.

Nas ruas de São Paulo
Desde a segunda-feira passada à venda em bancas de camelôs e minishoppings de São Paulo, "A Paixão de Cristo" já se tornou um campeão de vendas do circuito pirata, com uma média de 20 a 30 cópias sendo comercializadas por dia, segundo vendedores de locais visitados ontem pela Folha.
As cópias encontradas em duas lojas do Stand Center, localizado na avenida Paulista, e em ambulantes das ruas Augusta, Luís Coelho e Santa Efigênia estão sendo vendidas ao preço de R$ 10 pelos dois CDs que compõem o filme.
Todas as versões já eram vendidas com legendas em português, em alguns casos já em uma tarja preta sobre os caracteres em inglês, que traduz o aramaico e o latim dos diálogos de "A Paixão de Cristo".
Segundo um ambulante da rua Augusta, que não quis se identificar, a procura pela cópia da produção tem sido grande: "Até agora [10h50 da manhã de ontem], oito pessoas já vieram procurar o filme". Um vendedor da rua Santa Efigênia disse que havia deixado de vender para três pessoas durante a manhã de ontem porque houve atraso na entrega de um novo lote com cópias do filme.
Um dos passantes pela banca da rua Augusta, que também não quis sua identificação, se interessou pela cópia pirata, perguntou o preço, mas acabou não levando. No entanto, disse que irá assistir à produção de Mel Gibson nos cinemas ou por meio da versão encontrada nas ruas.
"Eu me interessei porque sou evangélico." A respeito da violência contida em "A Paixão de Cristo", afirmou que "se [o filme] é baseado no Evangelho, então não tem problema. O povo precisa conhecer a palavra".


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