São Paulo, sábado, 12 de março de 2005

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MULTIMÍDIA

Evento em NY discute Lispector

DA REDAÇÃO

A obra de Clarice Lispector vai ser discutida em Nova York amanhã em debate que ocorrerá no Center for Jewish History, informou o jornal "New York Times" em sua edição de ontem. Além de Gregory Rabassa, tradutor de Lispector para o inglês, haverá a participação do professor de literatura comparada Earl Fitz, da Vanderbilt University.
Segundo o jornal, "após a morte de Lispector por câncer, em 1977, aos 56 (mais ou menos), adquiriu a mística de uma personagem que ela mesma poderia ter criado: a de uma mulher bonita que era intensa, filosófica, idiossincrática, trágica e obscura em fatos mundanos, como sua data exata de nascimento".
Rabassa (1922) também é o tradutor de Gabriel García Márquez e Jorge Amado. No seu livro de memórias "If This Be Treason" (se for uma traição), a ser publicado em abril, ele descreve seu primeiro encontro com Lispector, há 40 anos. "Fiquei pasmo ao encontrar uma pessoa ímpar que parecia Marlene Dietrich e escrevia como Virginia Woolf", declarou.
Para Fitz, Lispector "era uma mentirosa incorrigível". Ele se declarou obcecado com sua obra desde que leu "A Maçã no Escuro", em 1971. Boa parte de sua carreira acadêmica é dedicada à escritora. Já escreveu dois livros sobre ela, que também ocupa um lugar de destaque em sua nova obra, na qual está trabalhando.
Para o "New York Times", a escritora podia ser bem divertida, o que pode ser conferido em suas crônicas. "Esse gênero é uma especialidade brasileira, uma coluna de jornal que permite a poetas e escritores maior liberdade."
O escritor gaúcho e colunista da Folha Moacyr Scliar declarou que "ela não negava seu judaísmo, mas não o acentuava. A razão pela qual isto ocorreu ainda está em discussão aqui no Brasil". O evento incluirá entrevista que a escritora concedeu em 1977. Na gravação, afirma: "quando não escrevo, estou morta". "Lispector morreu logo após a entrevista, mas quase 30 anos depois sua obra permanece atual", concluiu o jornal.


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