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Especialista elogia "sessão nostalgia'
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Tanto a reprise quanto o remake se justificam por serem antigos
sucessos que podem ser revelados
a novas audiências. É a opinião do
especialista em mídia e diretor de
TV Gabriel Priolli, 52: "Deveríamos ter mais reprises, pois o ciclo
do audiovisual é curto. Mas isso
faz parte apenas da tradição na
TV paga, não na aberta".
Além do remake de "Sinhá Moça" (exibida há 20 anos), recentemente a TV foi inundada de reprises de novelas: "Xica da Silva", no
SBT; "A Escrava Isaura", na Record; e "Mandacaru", na Band;
todas com audiência média de
250 mil espectadores.
Segundo o pesquisador, a "sessão nostalgia" pode ser vista também como redução nos custos,
uma vez que a produção em dramaturgia exige investimentos.
Mas não é, para ele, escassez de
autores. "O que falta é oportunidade para novos talentos. A formatação é muito rígida. Fazemos
telenovela, minissérie ou sitcom."
Maria Immacolata Vassallo de
Lopes, coordenadora do Núcleo
de Pesquisa de Telenovela da
USP, vê o remake como uma releitura aperfeiçoada. "O próprio
autor pode corrigir falhas ou alterar algumas visões. É uma garantia de sucesso, não só no Brasil,
mas em toda a América Latina,
com suas atualizações necessárias. Não digo que é bom nem
ruim. É um fenômeno normal
dentro da indústria cultural."
Para a pesquisadora, o fato de
outras emissoras entrarem na
dramaturgia, mesmo não tendo
condições de produzi-las, coloca
as reprises na grade.
Já para a professora da UFRJ
Raquel Paiva, 45, é uma forma de
repensar o passado e gerar expectativas para o futuro. "Não considero uma desesperança ou falta
de autores. É uma tentativa de nova interpretação, de uma época
mais atual; a gente relê livros com
muita freqüência e descobre novas coisas sobre eles."
Não há, no entanto, ninguém
mais empolgado que as irmãs Edmara e Edilene, as filhas de Benedito Ruy Barbosa. Edmara participou da primeira versão escrita
pelo pai. Segundo ela, a novela terá cerca de 20 capítulos a mais que
a primeira versão.
Alguns papéis serão ampliados,
como o de Cândida, mãe de Sinhá
Moça, vivida por Patrícia Pillar,
que na versão original foi Ana do
Véu. "A personagem não é somente uma mulher submissa.
Claro que mostra que é preciso lutar por ter voz e opinião. A função
dela é mais que isso, pois tem uma
história de amor interessante entre ela e o barão", diz a atriz.
Abolicionistas ganharão mais
destaque. Além disso, serão formados mais casais românticos
que na versão de 1986. "É uma
idéia que tivemos, mas que ainda
não colocamos em prática. Estamos com 45 capítulos escritos,
dez prontos para serem exibidos", diz a roteirista.
(MB)
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