São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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Especialista elogia "sessão nostalgia'

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Tanto a reprise quanto o remake se justificam por serem antigos sucessos que podem ser revelados a novas audiências. É a opinião do especialista em mídia e diretor de TV Gabriel Priolli, 52: "Deveríamos ter mais reprises, pois o ciclo do audiovisual é curto. Mas isso faz parte apenas da tradição na TV paga, não na aberta".
Além do remake de "Sinhá Moça" (exibida há 20 anos), recentemente a TV foi inundada de reprises de novelas: "Xica da Silva", no SBT; "A Escrava Isaura", na Record; e "Mandacaru", na Band; todas com audiência média de 250 mil espectadores.
Segundo o pesquisador, a "sessão nostalgia" pode ser vista também como redução nos custos, uma vez que a produção em dramaturgia exige investimentos. Mas não é, para ele, escassez de autores. "O que falta é oportunidade para novos talentos. A formatação é muito rígida. Fazemos telenovela, minissérie ou sitcom."
Maria Immacolata Vassallo de Lopes, coordenadora do Núcleo de Pesquisa de Telenovela da USP, vê o remake como uma releitura aperfeiçoada. "O próprio autor pode corrigir falhas ou alterar algumas visões. É uma garantia de sucesso, não só no Brasil, mas em toda a América Latina, com suas atualizações necessárias. Não digo que é bom nem ruim. É um fenômeno normal dentro da indústria cultural."
Para a pesquisadora, o fato de outras emissoras entrarem na dramaturgia, mesmo não tendo condições de produzi-las, coloca as reprises na grade.
Já para a professora da UFRJ Raquel Paiva, 45, é uma forma de repensar o passado e gerar expectativas para o futuro. "Não considero uma desesperança ou falta de autores. É uma tentativa de nova interpretação, de uma época mais atual; a gente relê livros com muita freqüência e descobre novas coisas sobre eles."
Não há, no entanto, ninguém mais empolgado que as irmãs Edmara e Edilene, as filhas de Benedito Ruy Barbosa. Edmara participou da primeira versão escrita pelo pai. Segundo ela, a novela terá cerca de 20 capítulos a mais que a primeira versão.
Alguns papéis serão ampliados, como o de Cândida, mãe de Sinhá Moça, vivida por Patrícia Pillar, que na versão original foi Ana do Véu. "A personagem não é somente uma mulher submissa. Claro que mostra que é preciso lutar por ter voz e opinião. A função dela é mais que isso, pois tem uma história de amor interessante entre ela e o barão", diz a atriz.
Abolicionistas ganharão mais destaque. Além disso, serão formados mais casais românticos que na versão de 1986. "É uma idéia que tivemos, mas que ainda não colocamos em prática. Estamos com 45 capítulos escritos, dez prontos para serem exibidos", diz a roteirista. (MB)


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