São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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COLEÇÃO FOLHA

"La Bohème" e "Madama Butterfly" estão no CD

Volume destaca popularidade das óperas de Giacomo Puccini

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O vigor da ópera italiana é o tema da Coleção Folha de Música Clássica no domingo que vem. Completamente dedicado a Giacomo Puccini (1858-1924), o volume traz trechos das óperas "La Bohème" e "Madama Butterfly".
Puccini conheceu, na Itália, o brasileiro Antonio Carlos Gomes (1836-1896) e começou a compor quando Giuseppe Verdi (1813-1901) ainda estava na ativa, e autores como Ruggero Leoncavallo (1858-1919) e Pietro Mascagni (1863-1945) procuravam levar ao palco "a vida como ela é", na escola conhecida como verista.
Puccini conseguiu uma popularidade superior a todos os veristas, graças a uma linguagem musical original, que incorporou as pesquisas harmônicas e orquestrais da escola germânica de Richard Wagner (1813-1883), sem perder o melodismo italiano.
Basta ver o que aconteceu com "Scènes de la Vie de Bohème", obra literária de Henry Murger ambientada na boemia artística parisiense do Quartier Latin, em 1830. Puccini e Leoncavallo, quase simultaneamente, adaptaram-na para os palcos: enquanto a "Bohème" do último permanece desconhecida, a do primeiro se tornou uma das óperas mais aclamadas de todos os tempos.
"La Bohème" é de 1896; "Madama Buttefly" foi composta oito anos depois, tendo como base a peça teatral homônima de David Belasco. A trama fala de Pinkerton, um marinheiro americano que faz turismo sexual no Japão, abandonando grávida sua mulher oriental para se casar com uma compatriota sua, nos EUA.
O exotismo musical estava em voga, e Puccini lança mão de melodias nipônicas, além de efeitos de orquestração e harmonia, para construir uma ambientação que tivesse sabor de Oriente para os ouvidos ocidentais de sua época.
Para além dos maneirismos "japoneses", Butterfly conquista pela caracterização da personagem-título, que começa a ópera como adolescente ingênua e termina como uma mulher madura, disposta a sacrificar sua vida em prol da felicidade de seu filho. O momento-chave desta transformação é a dramática ária do segundo ato "Un Bel dì Vedremo", "tour de force" na qual ela descreve a volta imaginária de Pinkerton para os seus braços.


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