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Livro de Ruy Castro vira musical com Aldir Blanc e Carlos Lyra
Para escritor, adaptação de "Era no Tempo do Rei" respeita espírito da obra
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
"Neste país, que é puro e depravado,/ de morte e canto, de
gozos e agonias,/ a verdade é
que Momo, o rei safado,/ manda trezentos e sessenta e cinco
dias!" Aldir Blanc escreveu e
Carlos Lyra musicou.
Os dois levaram um ano até
chegar às 19 canções inéditas
que compõem o musical "Era
no Tempo do Rei", adaptação
do livro homônimo de Ruy Castro, que estreia amanhã, no teatro João Caetano, no Rio.
"É a melhor coisa que ele fez
desde a bossa nova", diz o escritor sobre o compositor Carlos
Lyra. Parceiro de Vinicius de
Moraes, ele, conta Ruy Castro,
era acostumado a criar melodias que depois ganhavam letras assinadas pelo amigo. No
musical, o caminho foi inverso.
"O Carlinhos se submeteu ao
espírito da letra e do momento
do espetáculo", diz o autor. Há
17 gêneros diferentes em duas
horas de espetáculo, de marcha-rancho, valsa e vira a choro, sambinha, tango e maxixe.
Em família
"É um espetáculo cheio de
brasilidade", avalia Heloisa Seixas. Escritora, casada com Castro há 20 anos, ela começou a
adaptar "Era no Tempo do Rei"
logo depois do lançamento, em
2007. Criou o roteiro em parceria com a filha, a jornalista Julia
Romeu, com quem já havia trabalhado no musical "Carmen".
A história original se manteve: o musical, como o livro, narra as aventuras do menino Pedro, filho de Dom João 6º, que
sai do palácio, vai às ruas no Rio
e conhece Leonardo (personagem "emprestado" por Castro
do livro "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel
Antônio de Almeida). Há, como
pano de fundo, as intrigas da família real portuguesa no Brasil.
"O que importa é que o espírito geral é o mesmo", diz o autor. "De comédia sensual, picaresca, lasciva. Bastante sexo,
mas nunca grosso, com humor.
A família real sai dignificada, e
os protagonistas cumprem o
mesmo papel que no romance."
Se o livro não tem narrador, o
musical será alinhavado pelas
descrições de Dona Maria, a
Louca, vivida por Alice Borges.
Já a linguagem, mais coloquial
nos diálogos do espetáculo que
no livro, e as letras, construídas
com o vasto vocabulário de Aldir Blanc, permitem "a dualidade do original, rebuscado e coloquial", segundo o escritor.
Embora opine agora, ele diz
que ficou fora da adaptação.
Sua mulher justifica: "Foi ótimo, pois o Ruy é uma presença
dominadora, e nós tomamos
muita liberdade".
ERA NO TEMPO DO REI
Quando: qui., às 19h, sex. e sáb., às
20h, e dom., às 18h. Estreia amanhã
Onde: teatro João Caetano (pça. Tiradentes, s/nº, Rio de Janeiro; tel.
0/xx/21/2332-9257)
Quanto: de R$30 a R$40
Classificação: 12 anos
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