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Moby desacelerado
Associated Press
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O músico e DJ nova-iorquino Moby, que lança o disco "18" |
Três anos após "Play", o mais bem-sucedido disco de música eletrônica da história, o DJ e músico americano retorna mais romântico com "18"
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MARCELO FORLANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
Três anos depois do elogiadíssimo e bem-sucedido "Play",
Moby, 36, se prepara para lançar
novo álbum em maio: "18", que
não coincidentemente é o número de faixas do aguardado CD.
Ser o número um da eletrônica
mudou pouco a vida do músico
nova-iorquino, que conversou
com a reportagem da Folha em
Londres sobre este que é o mais
romântico dos seus discos.
Folha - Como você se descreveria?
Moby - Bom, sou um nova-iorquino, o que exerce uma grande
influência em mim como um músico, porque Nova York é uma cidade internacional, com uma série de músicas diferentes, culturas
variadas. Tudo isso me influencia
bastante.
Folha - O que você conhece de
música brasileira?
Moby - Só conheço os grandes
nomes. Bebel e Astrud Gilberto,
Sepultura, Mutantes. Apresentei-me em alguns festivais com o Sepultura e adoro o álbum "Roots".
Folha - Você vai tocar no Brasil?
Moby - Os shows começam em
junho deste ano e devem durar
até novembro de 2003. Não há nenhuma data marcada ainda, mas
acho que a América do Sul deve
entrar no próximo inverno, quando for verão por lá.
Folha - Você se preocupa em ser o
número um?
Moby - Para falar a verdade, não.
Quando "Play" foi lançado, ninguém esperava que ia ser um sucesso. Eu nunca fiz música com a
idéia de ser um popstar e vender
muitos discos. Foi um "acidente".
Geralmente, músicos carecas na
minha idade que fazem discos
nos seus quartos não são populares [risos". Mas eu me sinto feliz
em saber que fiz um disco que as
pessoas realmente gostam.
Folha - Como é se tornar um popstar e encontrar seus antigos ídolos?
Moby - No ano passado, encontrei ou trabalhei com praticamente todos os meus heróis. Eu fiquei
bêbado com Johnny Rotten (Sex
Pistols), dancei com Joe Strummer (The Clash), toquei guitarra
com David Bowie, subi no palco
com Bono (U2) e Michael Stipe
(REM), cantei uma música do Joy
Division com os caras do New Order. Depois de conhecer todos esses caras, eles não são mais meus
heróis. Agora são pessoas que eu
admiro e respeito musicalmente.
Folha - Você criou mais de 150
músicas quando estava fazendo esse disco. Foi difícil escolher só 18
para o projeto final?
Moby - Bom, eu sabia que queria
fazer um disco bem acolhedor,
melódico, romântico, emocional,
e várias músicas que eu tinha escrito eram rápidas, dançantes ou
experimentais demais. Então descartei mais da metade. Das que
sobraram, havia essas 18 que eu
adorava.
Folha - Por que "We Are All Made
of Stars" é o primeiro single?
Moby - Muito simples. Porque
toda vez que ouço essa música,
quando chega no refrão, ela me
faz sorrir.
Folha - Se você tivesse de escolher apenas uma pessoa para fazer
um álbum em conjunto, quem seria?
Moby - Acho que seria o Prince.
Ele não é o meu artista preferido,
mas, quando você perguntou,
pensei nele e no Bowie. Para mim,
o Bowie é o maior artista do século 20, mas o Prince tem mais versatilidade. Adoraria fazer um disco lento, romântico, cheio de baladas, bem no estilo do Prince.
Mas acho que era aquele Prince
dos anos 80...
Folha - Você falou "não" para
Guns N'Roses e Madonna. Por quê?
Moby - Adoro produzir meus
próprios discos e, quando faço isso, escrevo as letras, toco a guitarra, cuido da edição e da mixagem.
Mas não consigo me imaginar
produzindo para outras pessoas.
Isso demanda muito tempo.
Quando o Axl Rose me pediu para produzir o disco do Guns N"
Roses, pensei: "Isso vai tomar
dois anos da minha vida". Nunca
teria feito "Play". Sou egoísta. Só
quero fazer meus próprios discos,
minha própria música, sem me
preocupar com a agenda dos outros.
Folha - No seu site (www.
moby.org), você escreve diariamente sobre sua vida. É mais difícil
escrever ou fazer música?
Moby - Bom, 99% da minha vida
é fazer música, tocar em shows,
participar de entrevistas. No 1%
restante, tenho esses hobbies. Faço desenhos, atualizo diariamente
meu website. São coisas que faço
para me divertir.
Folha - Como você gostaria de ser
lembrado?
Moby - Gostaria de ser lembrado
como uma pessoa que tem a cabeça aberta, muito tolerante, que
trabalhou sério e não se levou
muito a sério. E também como
uma pessoa que fez música que as
pessoas gostavam.
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