São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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Moby desacelerado

Associated Press
O músico e DJ nova-iorquino Moby, que lança o disco "18"



Três anos após "Play", o mais bem-sucedido disco de música eletrônica da história, o DJ e músico americano retorna mais romântico com "18"


MARCELO FORLANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

Três anos depois do elogiadíssimo e bem-sucedido "Play", Moby, 36, se prepara para lançar novo álbum em maio: "18", que não coincidentemente é o número de faixas do aguardado CD.
Ser o número um da eletrônica mudou pouco a vida do músico nova-iorquino, que conversou com a reportagem da Folha em Londres sobre este que é o mais romântico dos seus discos.

Folha - Como você se descreveria?
Moby -
Bom, sou um nova-iorquino, o que exerce uma grande influência em mim como um músico, porque Nova York é uma cidade internacional, com uma série de músicas diferentes, culturas variadas. Tudo isso me influencia bastante.

Folha - O que você conhece de música brasileira?
Moby -
Só conheço os grandes nomes. Bebel e Astrud Gilberto, Sepultura, Mutantes. Apresentei-me em alguns festivais com o Sepultura e adoro o álbum "Roots".

Folha - Você vai tocar no Brasil?
Moby -
Os shows começam em junho deste ano e devem durar até novembro de 2003. Não há nenhuma data marcada ainda, mas acho que a América do Sul deve entrar no próximo inverno, quando for verão por lá.

Folha - Você se preocupa em ser o número um?
Moby -
Para falar a verdade, não. Quando "Play" foi lançado, ninguém esperava que ia ser um sucesso. Eu nunca fiz música com a idéia de ser um popstar e vender muitos discos. Foi um "acidente". Geralmente, músicos carecas na minha idade que fazem discos nos seus quartos não são populares [risos". Mas eu me sinto feliz em saber que fiz um disco que as pessoas realmente gostam.

Folha - Como é se tornar um popstar e encontrar seus antigos ídolos?
Moby -
No ano passado, encontrei ou trabalhei com praticamente todos os meus heróis. Eu fiquei bêbado com Johnny Rotten (Sex Pistols), dancei com Joe Strummer (The Clash), toquei guitarra com David Bowie, subi no palco com Bono (U2) e Michael Stipe (REM), cantei uma música do Joy Division com os caras do New Order. Depois de conhecer todos esses caras, eles não são mais meus heróis. Agora são pessoas que eu admiro e respeito musicalmente.

Folha - Você criou mais de 150 músicas quando estava fazendo esse disco. Foi difícil escolher só 18 para o projeto final?
Moby -
Bom, eu sabia que queria fazer um disco bem acolhedor, melódico, romântico, emocional, e várias músicas que eu tinha escrito eram rápidas, dançantes ou experimentais demais. Então descartei mais da metade. Das que sobraram, havia essas 18 que eu adorava.

Folha - Por que "We Are All Made of Stars" é o primeiro single?
Moby -
Muito simples. Porque toda vez que ouço essa música, quando chega no refrão, ela me faz sorrir.

Folha - Se você tivesse de escolher apenas uma pessoa para fazer um álbum em conjunto, quem seria?
Moby -
Acho que seria o Prince. Ele não é o meu artista preferido, mas, quando você perguntou, pensei nele e no Bowie. Para mim, o Bowie é o maior artista do século 20, mas o Prince tem mais versatilidade. Adoraria fazer um disco lento, romântico, cheio de baladas, bem no estilo do Prince. Mas acho que era aquele Prince dos anos 80...

Folha - Você falou "não" para Guns N'Roses e Madonna. Por quê?
Moby -
Adoro produzir meus próprios discos e, quando faço isso, escrevo as letras, toco a guitarra, cuido da edição e da mixagem. Mas não consigo me imaginar produzindo para outras pessoas. Isso demanda muito tempo. Quando o Axl Rose me pediu para produzir o disco do Guns N" Roses, pensei: "Isso vai tomar dois anos da minha vida". Nunca teria feito "Play". Sou egoísta. Só quero fazer meus próprios discos, minha própria música, sem me preocupar com a agenda dos outros.

Folha - No seu site (www. moby.org), você escreve diariamente sobre sua vida. É mais difícil escrever ou fazer música?
Moby -
Bom, 99% da minha vida é fazer música, tocar em shows, participar de entrevistas. No 1% restante, tenho esses hobbies. Faço desenhos, atualizo diariamente meu website. São coisas que faço para me divertir.

Folha - Como você gostaria de ser lembrado?
Moby -
Gostaria de ser lembrado como uma pessoa que tem a cabeça aberta, muito tolerante, que trabalhou sério e não se levou muito a sério. E também como uma pessoa que fez música que as pessoas gostavam.



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