São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

HOT JAZZ

Trama lança "Thrills", "Oh! The Grandeur" e "The Swimming Hour"

Andrew Bird's Bowl of Fire chega em três temperaturas

DA REDAÇÃO

À época do lançamento de "Thrills" (1998), nos Estados Unidos, fogo, caldeirão, tridentes e labaredas eram as metáforas mais sugestivas para definir o som do grupo de músicos, liderado pelo violinista Andrew Bird, que resolveu mandar seus maestros para o inferno e se divertir à sua própria maneira.
Gravado em New Orleans, o disco de estréia da Andrew Bird's Bowl of Fire transpirava o ritmo quente e acelerado do "dixieland" e das big bands que se apresentavam em um pub qualquer da capital do jazz americano, por volta dos anos 20, 30.
"Nunca gostei da atmosfera nos circuitos de música clássica, da falta de expectativas com relação à criatividade. Era como se o maestro fosse o ditador e nós, os músicos, seus servos", afirma Bird, 29, depois de ter passado cerca de 12 anos (dos quatro aos 16) tocando com orquestras.
Em meados de 90, suas reclamações foram ao encontro de "um bando de "freaks" da Carolina do Norte", o Squirrel Nut Zippers, que incluía o guitarrista James Malthus, a vocalista Katherine Whalen e o produtor Mike Napolitano. Amado pelos "alternativos", odiado pelos puristas do jazz contemporâneo, o tom debochado das canções do Zippers -que, em 1997, estourava nas paradas com o single "Hell"- é o mesmo deste "Thrills", de Bird.
"Nosso público tende a ser mais jovem, nada que lembre o típico indie ou punk, mas uma mistura de todos esses mundos. É tão difícil descrevê-lo quanto é descrever a nossa música", disse em entrevista à Folha, de sua nova casa às margens do rio Mississipi, em Chicago. "Afinal, não me sinto preso à nenhuma tradição."
"Oh! The Grandeur" (1999), o seu segundo disco com a Bowl's of Fire, é a melhor prova disso. Além da continuada mistura de jazz, dixie, folk, rock e música cigana, com todas as variações possíveis de um violino, Bird reserva uma "surpresinha" aos fãs (bêbados) em "A Drinking Song in the Grande Style".
"Depois de tocar em tantos bares onde as pessoas ficam se acabando, você aprende que não pode ir contra o público, porque criaria um clima ruim. Portanto fiz essa música como um desejo malicioso de que essas pessoas, quando acordarem na manhã seguinte, vão ver que a graça acabou e que só o que lhes resta é a dor", cutuca o músico.
Mais concentrado em escrever suas letras, Andrew Bird dá carta branca à cozinha de Josh Hirsch (baixo) e Kevin O'Donnell (bateria) em "The Swimming Hour" (2001), seu trabalho mais recente, que, dos três, é o que mais se enquadra na categoria pop -para não dizer morninha. "Não me vejo mais como um violinista, não tenho usado o arco direito e muitas vezes acabo tocando como se fosse uma guitarra", admite. "Se puder fazer um som melhor assobiando, é isso o que farei."
(DIEGO ASSIS)


Thrills    

Oh! The Grandeur     

The Swimming Hour   
Artista: Andrew Bird's Bowl of Fire
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 25, em média, cada CD




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