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MÚSICA/LANÇAMENTOS
HOT JAZZ
Trama lança "Thrills", "Oh! The Grandeur" e "The Swimming Hour"
Andrew Bird's Bowl of Fire chega em três temperaturas
DA REDAÇÃO
À época do lançamento de
"Thrills" (1998), nos Estados
Unidos, fogo, caldeirão, tridentes
e labaredas eram as metáforas
mais sugestivas para definir o
som do grupo de músicos, liderado pelo violinista Andrew Bird,
que resolveu mandar seus maestros para o inferno e se divertir à
sua própria maneira.
Gravado em New Orleans, o disco de estréia da Andrew Bird's
Bowl of Fire transpirava o ritmo
quente e acelerado do "dixieland"
e das big bands que se apresentavam em um pub qualquer da capital do jazz americano, por volta
dos anos 20, 30.
"Nunca gostei da atmosfera nos
circuitos de música clássica, da
falta de expectativas com relação
à criatividade. Era como se o
maestro fosse o ditador e nós, os
músicos, seus servos", afirma
Bird, 29, depois de ter passado
cerca de 12 anos (dos quatro aos
16) tocando com orquestras.
Em meados de 90, suas reclamações foram ao encontro de "um
bando de "freaks" da Carolina do
Norte", o Squirrel Nut Zippers,
que incluía o guitarrista James
Malthus, a vocalista Katherine
Whalen e o produtor Mike Napolitano. Amado pelos "alternativos", odiado pelos puristas do
jazz contemporâneo, o tom debochado das canções do Zippers
-que, em 1997, estourava nas paradas com o single "Hell"- é o
mesmo deste "Thrills", de Bird.
"Nosso público tende a ser mais
jovem, nada que lembre o típico
indie ou punk, mas uma mistura
de todos esses mundos. É tão difícil descrevê-lo quanto é descrever
a nossa música", disse em entrevista à Folha, de sua nova casa às
margens do rio Mississipi, em
Chicago. "Afinal, não me sinto
preso à nenhuma tradição."
"Oh! The Grandeur" (1999), o
seu segundo disco com a Bowl's of
Fire, é a melhor prova disso. Além
da continuada mistura de jazz, dixie, folk, rock e música cigana,
com todas as variações possíveis
de um violino, Bird reserva uma
"surpresinha" aos fãs (bêbados)
em "A Drinking Song in the Grande Style".
"Depois de tocar em tantos bares onde as pessoas ficam se acabando, você aprende que não pode ir contra o público, porque
criaria um clima ruim. Portanto
fiz essa música como um desejo
malicioso de que essas pessoas,
quando acordarem na manhã seguinte, vão ver que a graça acabou
e que só o que lhes resta é a dor",
cutuca o músico.
Mais concentrado em escrever
suas letras, Andrew Bird dá carta
branca à cozinha de Josh Hirsch
(baixo) e Kevin O'Donnell (bateria) em "The Swimming Hour"
(2001), seu trabalho mais recente,
que, dos três, é o que mais se enquadra na categoria pop -para
não dizer morninha. "Não me vejo mais como um violinista, não
tenho usado o arco direito e muitas vezes acabo tocando como se
fosse uma guitarra", admite. "Se
puder fazer um som melhor assobiando, é isso o que farei."
(DIEGO ASSIS)
Thrills
Oh! The Grandeur
The Swimming Hour
Artista: Andrew Bird's Bowl of Fire
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 25, em média, cada CD
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