São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA/ESTRÉIA

"K-PAX"

Kevin Spacey e Jeff Bridges investigaram o submundo psiquiátrico dos EUA para a construção de seus personagens

Filme espelha vida dos hospícios de NY

Divulgação
Kevin Spacey, na pele de Prot, sujeito estranho de inteligência superdotada, em cena do filme "K-Pax", que estréia hoje no Brasil


MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO

Kevin Spacey e Jeff Bridges fizeram uma incursão ao submundo das clínicas psiquiátricas dos EUA durante os preparativos para a filmagem de "K-Pax", filme dirigido por Ian Softley, que estréia hoje no Brasil.
"Encontrei pessoas em hospícios durante a preparação para o filme, entre elas algumas que acreditavam ter vindo do espaço", disse Spacey à Folha, durante encontro com a imprensa em Londres, em novembro passado.
Na trama, ele encarna Prot, um sujeito estranho de inteligência superdotada que se diz um extraterrestre do planeta K-Pax em missão terrena.
"Meu personagem foi uma combinação de três pessoas diferentes que conheci", contou o ator norte-americano. "E o resultado acabou sendo o andar de pomba que vocês viram no filme. Se você for a um hospício, perceberá nas pessoas uma expressão física que não parece natural."
De fato, em sua interpretação longe de convincente, o caminhar de Prot acaba sendo um dos itens a conspirar contra a sua naturalidade em cena.
Jeff Bridges, por sua vez, teve tarefa um pouco menos complicada: já estava "escolado" para assumir o papel do psiquiatra que trata do extraterrestre desgarrado.
"Eu já havia feito um psiquiatra antes, em "See You in the Morning'", explicou Bridges, que nas horas vagas ensaia com sua banda de rock e admite usar até hoje as roupas do "Grande Lebowsky".
"Durante as pesquisas, conheci um psiquiatra em Nova York cujo trabalho era catalogar a maneira como os grandes psiquiatras atuavam. Vi filmes e ouvi fitas para aprender de que forma trabalham os grandes psiquiatras."

Troca de papéis
Os dois pesos pesados de Hollywood trabalharam juntos pela primeira vez em "K-Pax". Durante o primeiro encontro para discutir o filme, Bridges deixou sua veia musical falar mais alto. "Fui à casa dele, em Santa Barbara (na Califórnia), e ele me levou a um show do Neil Young", lembra Spacey.
"Trabalhamos muito bem juntos", acrescenta. "Às vezes, trocávamos os papéis, e um observava o outro para tirar idéias. Esse tipo de liberdade é ótimo. Afinal, nenhum ator é absolutamente dono de um papel."
Para o diretor Ian Softley, a pesquisa de campo foi uma das partes mais "intimidantes" do processo de produção de "K-Pax". "Eu queria retratar os fatos dos hospitais psiquiátricos de maneira correta, porque uma das grandes questões do filme é a relação da realidade com outros níveis de realidade", observa.
Com esse objetivo, Softley contou com a assessoria de um dos principais psiquiatras de Nova York, que ajudou a abrir as portas ao diretor, produtores e atores de cinco hospitais para tratamento mental distintos nos EUA.



Texto Anterior: Crítica: Diretor faz retrato de poeta
Próximo Texto: Crítica: Perspectiva original é abduzida por roteiro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.