São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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CRÍTICA

Perspectiva original é abduzida por roteiro

CRÍTICO DA FOLHA

Se não escolheu um bom roteiro, Kevin Spacey vislumbrou em "K-Pax" a liberdade que seu personagem lhe proporcionava. Prot, eis o seu nome, foi a curiosa maneira de gastar os créditos que o Oscar lhe emprestou.
Entre as duas possibilidades de Prot, ser um extraterrestre sensato ou um humano insensato, Spacey encontra a liberdade para arriscar qualquer gesto ou mesmo entregar-se ao ridículo. A última opção parece ser a preferida.
Preso, Prot vai parar no hospital psiquiátrico, e o filme cai logo na malha fina do sistema de julgamento do cinema americano. O que o espectador deve julgar aqui, no encalço dos tantos doutores-juízes do enredo, é se Prot fala a verdade ao dizer que vem de um planeta distante, o tal K-Pax.
Aprofundando-se no juízo do psiquiatra encarnado por Jeff Bridges, o enredo tenta se sustentar por meio da surrada fórmula "o segredo atrás da porta", mas a emenda sai pior do que o soneto.
O roteirista almeja emprestar alguma plausibilidade ao argumento do filme, mas colocar o E.T. no divã e hipnotizá-lo não chega a constituir, de fato, uma solução algo plausível. Assim perde-se de vista o que era o melhor veio da história: o perspectivismo que Prot prometia introduzir nesse obsoleto "sistema de julgamento". Porque, de seu ponto de vista, seja ele um extraterrestre pé no chão ou um terrestre lunático, a civilização ocidental não faz muito sentido. (TIAGO MATA MACHADO)


K-Pax - O Caminho da Luz
K-Pax
  
Direção: Ian Softley
Produção: Alemanha/EUA, 2001
Com: Jeff Bridges, Kevin Spacey
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Ibirapuera e circuito




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