São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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Masp tenta superar dificuldades expondo obra doada de cerca de US$ 1 milhão

Sopro de vida

Moacyr Lopes Jr/Folha Imagem
A obra espanhola do século 15 "Cristo Crucificado" é montada para mostra que começa hoje no Masp


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tendo como obra central o tríptico "Cristo Carregando a Cruz, a Crucificação e o Sepultamento", de Jan van Dornicke (1470-1527), o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugura hoje, para convidados, a mostra "Jan van Dornicke no Acervo do Masp", em busca de novo alento para as dificuldades que o espaço atravessa.
Diminuição de visitantes, falta de patrocínio, pequena quantidade de exposições. "Está ficando cada dia mais difícil", afirma Júlio Neves, presidente do museu. Entretanto, com a entrada no acervo da obra de Van Dornicke, Neves ganha nova esperança: "A recente obra doada ao Masp é a mais importante aquisição desde a morte de Assis Chateaubriand (1892-1968, o fundador do museu). Não foi feita por meio das leis de incentivo à cultura. Espero estimular essa forma de doação, que irá repercutir em gerações futuras".
O tríptico, doação do banqueiro Aloysio Faria, segundo revelou na Folha a coluna "Mônica Bergamo", foi adquirido na Colnaghi Gallery, de Londres, por cerca de US$ 1 milhão. "Temos só outras duas pinturas flamengas do século 16", afirma Luiz Marques, curador da mostra.
Foi apenas nos últimos dez anos, segundo ele, que Van Dornicke passou a ser reconhecido. "Ele é uma personalidade em ascensão. Até recentemente, suas obras eram atribuídas como de "Mestre de 1918", por conta de uma peça dessa data em exibição na cidade alemã de Lübeck. Graças a uma historiadora inglesa, chegou-se ao nome do artista de Antuérpia", conta o curador.
Outra característica que valoriza a nova obra do museu é seu estado de conservação. "É muito difícil encontrar trípticos completos, pois foi costume vender suas partes separadamente, no século 19", conta Marques, que aponta o número reduzido de obras disponíveis do artista, "cerca de 20".
O tríptico, pois está dividido em três partes, é uma narrativa. Conta os últimos momentos de Cristo: a subida ao Calvário, a crucificação e a deposição no sepulcro.
Em 18 obras, a exposição traça um panorama pequeno, mas significativo do renascimento nos países nórdicos. Na sala do tríptico, o curador apresenta uma das obras-primas do museu, "As Tentações de Santo Antão", de Hieronymus Bosch, além de uma obra atribuída a um seguidor do pintor, "Cristo Perante Pilatos".
Completa o espaço uma série de sete gravuras do mesmo período, de um grupo de 25, doadas no último ano pela viúva do diplomata Lauro Soutello Alves. No percurso da exposição, a última sala apresenta outras obras do século 16, da Itália e Espanha, entre elas "Madona", de Piero di Cosimo (1462-1521), raramente exibida.


JAN VAN DORNICKE NO ACERVO DO MASP - Mostra com 18 obras. Curadoria: Luiz Marques. Quando: abertura, hoje, às 19h (para convidados); de ter. a dom., das 11h às 18h. Até dia 30. Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/251-5644). Quanto: R$ 10.


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