São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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Pianista vira camelô da arte sobre caminhão

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A primeira vez que o vendedor de algodão doce Edinilson Felipe Correa, 38, viu um piano foi aos 13 anos. Ele trabalhava como pintor de paredes na casa de uma "madame" e ficou encantado ao vê-la tocar. "Foi a primeira e a última", afirma. No último sábado, ele repetiu a experiência. Só que, desta vez, quem tocou foi nada menos do que Arthur Moreira Lima.
O pianista se apresentou sobre seu caminhão-palco em São Miguel Paulista (região leste), abrindo uma turnê pela periferia que vai até dia 25 de maio, com apoio da prefeitura.
O projeto "Um Piano pela Estrada", concebido pelo pianista, segue à risca aquela velha história do artista ir aonde o povo está. Com as laterais abertas, a boléia se transforma num palco e revela o piano de cauda.
"Sou uma espécie de camelô da cultura", brinca o pianista, que entre uma música e outra faz pequenos comentários sobre o que toca do tipo: "Bach tocava para Deus, e Mozart, para agradar os ricos, que pagavam seus concertos".
Sob uma fina garoa, cerca de 200 pessoas acompanharam o concerto. Entre elas, a catadora de papel Eremita Maria de Oliveira, 58, que nunca tinha visto um piano de perto. "A gente só vê isso na televisão. Lembra música de missa", diz.
O motorista de caminhão de lixo Marcos de Jesus, 26, também gostou. "É diferente. Aqui só tem samba e axé. Nunca vi algo assim", afirma. (MD)



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