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Pianista vira
camelô da arte
sobre caminhão
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A primeira vez que o vendedor de algodão doce Edinilson
Felipe Correa, 38, viu um piano
foi aos 13 anos. Ele trabalhava
como pintor de paredes na casa
de uma "madame" e ficou encantado ao vê-la tocar. "Foi a
primeira e a última", afirma.
No último sábado, ele repetiu a
experiência. Só que, desta vez,
quem tocou foi nada menos do
que Arthur Moreira Lima.
O pianista se apresentou sobre seu caminhão-palco em
São Miguel Paulista (região leste), abrindo uma turnê pela periferia que vai até dia 25 de
maio, com apoio da prefeitura.
O projeto "Um Piano pela Estrada", concebido pelo pianista, segue à risca aquela velha
história do artista ir aonde o
povo está. Com as laterais abertas, a boléia se transforma num
palco e revela o piano de cauda.
"Sou uma espécie de camelô
da cultura", brinca o pianista,
que entre uma música e outra
faz pequenos comentários sobre o que toca do tipo: "Bach
tocava para Deus, e Mozart, para agradar os ricos, que pagavam seus concertos".
Sob uma fina garoa, cerca de
200 pessoas acompanharam o
concerto. Entre elas, a catadora
de papel Eremita Maria de Oliveira, 58, que nunca tinha visto
um piano de perto. "A gente só
vê isso na televisão. Lembra
música de missa", diz.
O motorista de caminhão de
lixo Marcos de Jesus, 26, também gostou. "É diferente. Aqui
só tem samba e axé. Nunca vi
algo assim", afirma.
(MD)
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