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Índios agradam ao público paulistano com sequência de rituais
Xavantes mostram altivez
no parque da Independência
da Reportagem Local
No intervalo de "Itsari" (Tradição), a sequência de rituais
mostrada no final de semana no
parque da Independência, em
São Paulo, entrou uma locução
em jê, do xavante Sereburã.
Enquanto os 27 índios se pintavam para o segundo ato, com
traços negros sobre a pele já pintada de vermelho, em torno da
fogueira e sobre a terra batida do
palco, ele dizia, orgulhoso:
"Por que os brancos não respeitam o povo tradicional? Vocês dizem que gostam da terra...
Não é verdade. Mal sabem quem
são. É por isso que estou aqui".
Os mais de mil espectadores
que lotaram sexta-feira as arquibancadas montadas ao ar livre,
para a Temporada de Outono do
Sesc, não entenderam o discurso, mas entenderam a altivez
dos xavantes (só contatados há
50 anos e, até hoje, refratários às
aproximações) nas 15 cenas de
canto, dança e representação.
São cerimônias reduzidas, da
"furação de orelha", em que
"os padrinhos carregam tronco
simbolizando a passagem dos
meninos para a vida adulta", à
"caçada com fogo", com arcos e
flechas e uma dança enérgica em
círculo, e diversas outras.
Os cantos e marcações rítmicas com os pés e chocalhos ecoavam mantras, prendendo por
estranheza e fascínio a atenção
do público, até das crianças.
"Eu vim a São Paulo junto
com meus filhos para que vocês
possam ver a beleza dos cantos",
seguiu Sereburã. "Todos são
expressão da criação... Que essa
apresentação verdadeira fortaleça o espírito criador contra o
avanço do lado obscuro."
Junto ao público paulistano,
fortaleceu. A recepção agradou
tanto que os xavantes voltaram
para um bis.
(NELSON DE SÁ)
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