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SHOW
Shaggy e Pato Banton são destaques da 2ª edição do festival, que reuniu mais quatro atrações internacionais
Ruffles Reggae leva 32 mil ao Ibirapuera
ANA CRISTINA PESSINI
do Guia da Folha
Depois de passar por Porto Alegre e Rio de Janeiro, o Ruffles Reggae chegou a São Paulo na última
sexta-feira trazendo seis atrações
internacionais do gênero, entre
elas, o jamaicano Shaggy. Inspirado no Reggae Sunsplash, o festival
reuniu apenas 32 mil pessoas. Na
primeira edição, em 96, o público
chegou a 170 mil, em duas noites.
A "maratona rastafari" durou
mais de oito horas na pista de atletismo do Ibirapuera, que comporta 40 mil pessoas. Prevaleceu o clima "paz e amor", com poucas
ocorrências policiais. No local, havia 161 policiais da tropa de choque, mais 26 policiais femininas,
que faziam vistorias rigorosas.
Isso não impediu que muitos fumassem cigarros de maconha, um
dos símbolos máximos da cultura
rastafari. Por conta disso, 58 pessoas foram qualificadas por porte
de entorpecentes, tendo sido encaminhadas para o juizado de menores ou para o 36º DP. Nenhum incidente grave foi registrado.
As ocorrências médicas se restringiram a 30 casos de hipotensão
(pressão baixa) causados mais por
falta de alimentação.
Depois de dez minutos de atraso,
às 18h10, a abertura do festival ficou por conta dos argentinos do
Los Pericos. A banda, que teve o
disco "King Kong" produzido
por Herbert Vianna, começou esquentando o público que ainda
chegava ao Ibirapuera apresentando "Parate y Mira" -que ganhou
a versão "Loirinha Bombril",
gravada pelos Paralamas do Sucesso-, além das músicas do mais recente CD, "Yerbabuena".
Com 20 anos de estrada e autoproclamando-se "os embaixadores do reggae", os jamaicanos do
Third World, chegaram mostrando letras politicamente engajadas
numa apresentação que teve até
regência do vocalista para um solo
de violoncelo.
Já o inglês Maxi Priest subiu ao
palco do Ruffles prometendo levar
o público para uma praia da Jamaica, cantando baladas românticas e esbanjando suingue ao lado
de três competentes backing vocals. O público, no entanto, só sentiu a areia nos pés quando Priest
entoou, ao lado de Shaggy, os clássicos "Get up, Stand up" e "Redemption Song", de Bob Marley.
Campeão de vendas e estrela do
festival, "Mr. Lover Lover"
Shaggy arrancou gritinhos da platéia feminina com o "groove"
(ritmo) mais esperado da noite, a
sensual "Boombastic". Vestindo
um casaco de couro, de chapéu e
fumando um charuto, o jamaicano ensaiou um striptease abrindo
a camisa e desabotoando a calça.
"Recebi ótimas vibrações do público", disse Shaggy à Folha depois do show.
Totalmente à vontade com o público brasileiro, de quem já é velho
conhecido, Pato Banton manteve
o bom astral deixado por Shaggy
com os hits "Go Pato" e "Groovin'", de seu mais recente CD
"Stay Positive", e encerrando
com "Baby Come Back". Também não faltaram os discursos pacifistas de sempre -enrolado numa bandeira com a cara de Bob
Marley estampada, Banton disse
que reggae não é só cantar e fumar
maconha...
Substitutos do grupo africano
Alpha Blondy -que teve o show
cancelado devido a exigências fora
dos padrões, além de já ter deixado
de comparecer a outros espetáculos-, os veteranos do Black Uhuru fecharam o Ruffles com o autêntico "roots reggae" (reggae de
raiz). Mesmo com o feito de ter sido o primeiro grupo de reggae a
ganhar um Grammy, a mudança
parece não ter impressionado a
maioria do público, que foi deixando o Ibirapuera antes mesmo
de o show terminar.
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