São Paulo, sábado, 12 de maio de 2001

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DA RUA

Luto?

FERNANDO BONASSI

O Grandemente Venerado Monstro está sendo abatido. Ele rosna. Ele ronca. Ele bufa, mas, é quase certo, caiu em sua própria armadilha. Ainda vai dar trabalho; ainda vai exigir estratégia; ainda perderemos um pouco de carne, junto com a gordura. Mas o coração está ficando fraco. Os punhos, cada vez mais obscenos. Os olhos. Os dentes. Os caçadores perceberam que podiam mais que acuá-lo. Podiam triturá-lo. Podiam fazer dele a besta expiatória.
O Grandemente Venerado Monstro está prostrado, e os caçadores, de repente, perceberam que querem mais, muito mais. E nós com eles. E alguém se lembra do que são feitos os países: desse sangue fresco mesmo, desse cadáver prestes a ser servido.


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