São Paulo, sábado, 12 de maio de 2001

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CRÍTICA

Nada a ver, mas tudo a ver

DA REPORTAGEM LOCAL

Boa viagem com Alex Garland. Chega ao Brasil "O Tesseracto", o livro pós-"A Praia" do escritor-mochileiro que mistura suas experiências de europeu civilizado em visita a lugares hostis com uma ficção das mais gostosas, enxutas e bem tramadas.
Aqui a história, que na verdade são três, se passa em Manila, nas Filipinas.
O europeu civilizado da hora é Sean, que se instala em um hotel decrépito no centro da cidade e espera a visita de um gângster local para tratar de assuntos, hã, mafiosos.
A outra história é sobre a classe média Rosa, doutora que não tem nada a ver com Sean e o gângster. Só faz cuidar de seus adorados filhos e lembrar saudosa um primeiro amor dos tempos em que vivia na aldeia, não em um bairro bom de Manila.
Em um outro lugar da capital filipina, habitam a rua os meninos Totoy e Vincente, que não têm nada a ver com as histórias de Sean, do gângster e de Rosa. Só fazem contar seus sonhos de garotos a um psicólogo excêntrico, depressivo e muito rico.
Deve ter algo a ver com o tesseracto (figura geométrica que consiste em um hipercubo desfeito), mas os destinos de todos os citados vão se cruzar em um momento do brilhantemente bem traçado segundo livro de Garland.
As obras do escritor inglês são uma espécie de "Lonely Planet" com emoção. As histórias desse "O Tesseracto" vão e vêm no eixo temporal no melhor estilo Quentin Tarantino de contar.
Seu passado de desenhista de HQ entrega o porquê de seus livros descambarem fácil para o cinema. O texto simples e direto de Garland desperta imagens vivas na mente de quem os lê.
Se o destino no livro traduz essa esquisita figura geométrica, ela tem algo a ver com o homem, uma vez que a história de Sean pode ser interpretada como o corpo. Rosa é o coração. O psicólogo é a mente. E o encontro de tudo isso não resulta em boa coisa.
(LÚCIO RIBEIRO)


O Tesseracto
    
Autor: Alex Garland
Editora: Rocco
Quanto: R$ 28,50 (231 págs.)





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