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CRÍTICA
Nada a ver, mas tudo a ver
DA REPORTAGEM LOCAL
Boa viagem com Alex Garland. Chega ao Brasil "O Tesseracto", o livro pós-"A Praia" do
escritor-mochileiro que mistura
suas experiências de europeu civilizado em visita a lugares hostis
com uma ficção das mais gostosas, enxutas e bem tramadas.
Aqui a história, que na verdade
são três, se passa em Manila, nas
Filipinas.
O europeu civilizado da hora é
Sean, que se instala em um hotel
decrépito no centro da cidade e
espera a visita de um gângster local para tratar de assuntos, hã,
mafiosos.
A outra história é sobre a classe
média Rosa, doutora que não tem
nada a ver com Sean e o gângster.
Só faz cuidar de seus adorados filhos e lembrar saudosa um primeiro amor dos tempos em que
vivia na aldeia, não em um bairro
bom de Manila.
Em um outro lugar da capital filipina, habitam a rua os meninos
Totoy e Vincente, que não têm
nada a ver com as histórias de
Sean, do gângster e de Rosa. Só fazem contar seus sonhos de garotos a um psicólogo excêntrico, depressivo e muito rico.
Deve ter algo a ver com o tesseracto (figura geométrica que consiste em um hipercubo desfeito),
mas os destinos de todos os citados vão se cruzar em um momento do brilhantemente bem traçado segundo livro de Garland.
As obras do escritor inglês são
uma espécie de "Lonely Planet"
com emoção. As histórias desse
"O Tesseracto" vão e vêm no eixo
temporal no melhor estilo Quentin Tarantino de contar.
Seu passado de desenhista de
HQ entrega o porquê de seus livros descambarem fácil para o cinema. O texto simples e direto de
Garland desperta imagens vivas
na mente de quem os lê.
Se o destino no livro traduz essa
esquisita figura geométrica, ela
tem algo a ver com o homem,
uma vez que a história de Sean
pode ser interpretada como o corpo. Rosa é o coração. O psicólogo
é a mente. E o encontro de tudo isso não resulta em boa coisa.
(LÚCIO RIBEIRO)
O Tesseracto
Autor: Alex Garland
Editora: Rocco
Quanto: R$ 28,50 (231 págs.)
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