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LIVROS
Vendas atingiram US$ 2,06 bi em 2000, desempenho semelhante ao de 98, quando 410 milhões de unidades foram vendidas
Mercado editorial
se recupera depois
da crise do real
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
O mercado brasileiro de livros
fechou o ano passado com vendas
que atingiram cerca de US$ 2,06
bilhões, desempenho semelhante
ao de 1998, mostrando que houve
recuperação depois da crise causada pela desvalorização do real.
Em 1999, a crise cambial teve reflexos em toda a economia, e no
setor livreiro a queda de faturamento chegou a 12,7% em relação
ao ano anterior, com o faturamento atingindo US$ 1,81 bilhão.
A recuperação está sendo comemorada pelos empresários,
embora os números de 2000 não
tenham chegado perto dos de
1998 em relação a exemplares
vendidos.
Naquele ano, houve o recorde
da década, com 410 milhões de livros comercializados.
Encarecimento
No ano passado, esse número ficou em 334 milhões. Como o faturamento foi semelhante nos dois
períodos, isso mostra que houve
um encarecimento do livro, depois da crise cambial.
A retomada das vendas de livros
aconteceu principalmente pela
ação do governo federal, o grande
cliente da indústria livreira, por
meio de encomendas de obras didáticas que são distribuídas nas
escolas.
Em 1999, do total de exemplares
vendidos pelo setor, 22% haviam
sido compras governamentais.
Esse percentual subiu para 40%
no ano passado.
"É o nosso grande cliente, que
faz encomendas com entregas
centralizadas e se responsabiliza
pela distribuição, o que elimina
grande parte dos custos das editoras, possibilitando redução do
preço final dos livros", afirma
Raul Wassermann, presidente da
CBL (Câmara Brasileira do Livro), entidade que reúne editoras,
livrarias e distribuidoras.
Ele concorda com as críticas que
apontam o livro brasileiro como
um produto caro, porém afirma
que a diminuição dos preços
ocorrerá com o aumento da escala de produção, o que significa
conquistar mais leitores e estimular o hábito da leitura.
Livros didáticos
O investimento na distribuição
de livros didáticos, que impulsionou a indústria livreira ao longo
dos anos 90, não está garantindo a
criação de novos leitores permanentes na mesma proporção, afirma Wassermann.
"Os alunos ao deixarem a escola
não continuam o hábito de ler,
pois se deparam com baixos salários e com a falta de bibliotecas
públicas, que ,quando existem,
não têm acervos atualizados",
conclui.
As grandes feiras, como a 10ª
Bienal Internacional do Livro do
Rio de Janeiro, são eventos que
procuram estimular a formação
de novos leitores, avalia Paulo
Rocco, presidente do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).
A bienal será realizada entre 17 e
27 de maio, no Riocentro, na zona
oeste do Rio de Janeiro.
Rocco diz que falta uma política
governamental para a expansão
das bibliotecas públicas, que hoje
seriam cerca de 3.500, menos que
o número de municípios do país,
5.507, segundo dados fornecidos
pelo IBGE.
O presidente do Snel ainda afirma que há iniciativas isoladas
nesse sentido, como a adotada pela prefeitura carioca, que autorizou cada biblioteca municipal e
das escolas públicas a gastarem
R$ 500 em compras durante a bienal, para renovação de acervos.
Os editores darão descontos especiais para essas compras durante
o evento.
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