São Paulo, sábado, 12 de maio de 2001

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LIVROS

Vendas atingiram US$ 2,06 bi em 2000, desempenho semelhante ao de 98, quando 410 milhões de unidades foram vendidas

Mercado editorial se recupera depois da crise do real

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

O mercado brasileiro de livros fechou o ano passado com vendas que atingiram cerca de US$ 2,06 bilhões, desempenho semelhante ao de 1998, mostrando que houve recuperação depois da crise causada pela desvalorização do real.
Em 1999, a crise cambial teve reflexos em toda a economia, e no setor livreiro a queda de faturamento chegou a 12,7% em relação ao ano anterior, com o faturamento atingindo US$ 1,81 bilhão.
A recuperação está sendo comemorada pelos empresários, embora os números de 2000 não tenham chegado perto dos de 1998 em relação a exemplares vendidos.
Naquele ano, houve o recorde da década, com 410 milhões de livros comercializados.

Encarecimento
No ano passado, esse número ficou em 334 milhões. Como o faturamento foi semelhante nos dois períodos, isso mostra que houve um encarecimento do livro, depois da crise cambial.
A retomada das vendas de livros aconteceu principalmente pela ação do governo federal, o grande cliente da indústria livreira, por meio de encomendas de obras didáticas que são distribuídas nas escolas.
Em 1999, do total de exemplares vendidos pelo setor, 22% haviam sido compras governamentais. Esse percentual subiu para 40% no ano passado.
"É o nosso grande cliente, que faz encomendas com entregas centralizadas e se responsabiliza pela distribuição, o que elimina grande parte dos custos das editoras, possibilitando redução do preço final dos livros", afirma Raul Wassermann, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), entidade que reúne editoras, livrarias e distribuidoras.
Ele concorda com as críticas que apontam o livro brasileiro como um produto caro, porém afirma que a diminuição dos preços ocorrerá com o aumento da escala de produção, o que significa conquistar mais leitores e estimular o hábito da leitura.

Livros didáticos
O investimento na distribuição de livros didáticos, que impulsionou a indústria livreira ao longo dos anos 90, não está garantindo a criação de novos leitores permanentes na mesma proporção, afirma Wassermann.
"Os alunos ao deixarem a escola não continuam o hábito de ler, pois se deparam com baixos salários e com a falta de bibliotecas públicas, que ,quando existem, não têm acervos atualizados", conclui.
As grandes feiras, como a 10ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, são eventos que procuram estimular a formação de novos leitores, avalia Paulo Rocco, presidente do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).
A bienal será realizada entre 17 e 27 de maio, no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Rocco diz que falta uma política governamental para a expansão das bibliotecas públicas, que hoje seriam cerca de 3.500, menos que o número de municípios do país, 5.507, segundo dados fornecidos pelo IBGE.
O presidente do Snel ainda afirma que há iniciativas isoladas nesse sentido, como a adotada pela prefeitura carioca, que autorizou cada biblioteca municipal e das escolas públicas a gastarem R$ 500 em compras durante a bienal, para renovação de acervos. Os editores darão descontos especiais para essas compras durante o evento.


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