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CRÍTICA/"HOMEM-ESPUMA"
Banda lança segundo trabalho sem concessões ao "mainstream"
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O tempo é o elemento de sedução do Mombojó em
"Homem-Espuma". Apesar de
ser uma banda que não segue regras convencionais do mercado, o
septeto já é detentor de uma característica comum a outros grupos em suas fases áureas: são artistas com plena noção do contexto cultural do qual fazem parte,
sem, com isso, soarem datados ou
oportunistas.
Portanto o Mombojó não luta
contra a geração anterior do mangue beat, apenas deixa de lado a
necessidade de afirmação das raízes regionais. Sabe que o atual
pop "mainstream" premia, com
uma ou outra exceção, os tolos.
Ignora ainda as pressões de público e crítica após um início brilhante em 2004 com o álbum "Nadadenovo" e lança um segundo
trabalho sem concessões. Não há
músicas "fáceis". A banda vive em
seu tempo particular.
Tal intenção se explicita já em
"O Mais Vendido" ("Não quero
ser o mais vendido/ nem quero falar só com o seu ouvido").
Se a geração dos integrantes é a
dos retratos instantâneos da internet, a pesquisa musical é enciclopédica: vai da jovem guarda a
Radiohead, de nu-metal a Jorge
Ben Jor, de Pernambuco a Londres em questão de segundos.
"Homem-Espuma" supera o
mero acúmulo de referências: elas
estão todas diluídas, integradas.
"Swinga", por exemplo, começa
como MPB pop para se tornar um
dançante experimento kitsch.
Em "Realismo Convincente", o
convidado Tom Zé explicita a lógica do grupo: "Tô te explicando
pra te confundir/ Tô te confundindo pra esclarecer".
O suposto ponto fraco -as letras- torna-se elemento que reforça sua proposta de autonomia
(seja pela ironia, seja pela negação
de respostas fáceis: o discurso é
despretensão em ter discurso).
O Mombojó é muito mais como
a espuma do título do disco: resultado e sintoma na superfície de
um cenário que se agita -as pérolas do pop estão nas profundezas, no cenário alternativo- indiferente aos modismos facilmente levados pelo vento.
Homem-Espuma
Artista: Mombojó
Gravadora: Trama
Quanto: R$ 28, em média
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