São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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CDS

POP

Disco tem produção de Daniel Ganjaman e Lúcio Maia e participação de Tom Zé

Mombojó vira gente grande com "Homem-Espuma"

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Mombojó chega à fase do "vamos ver": eleita uma das surpresas bacanas da música pop de 2004, ano em que apareceu com "Nadadenovo", a banda pernambucana lança o aguardado segundo álbum, "Homem-Espuma".
De cara, a principal novidade é que os rapazes estão menos indies: trocaram o estúdio caseiro, em Recife, por um bem equipado, bancado pela gravadora -agora eles têm uma- Trama.
"Estúdio como aquele, a gente só conhecia por revista", conta o vocalista Felipe S., 23. "Não havia um como esse em Recife e era muito caro vir a São Paulo."
De nomes locais, a produção foi parar nas mãos de Daniel Ganjaman, do coletivo Instituto, e de Lúcio Maia, guitarrista da Nação Zumbi. "Queríamos também o Kassin e o Pupilo [baterista da Nação], mas não deu. Espero que fique para o próximo", diz Felipe.
Por fim, as participações foram incrementadas por vocais de Tom Zé, Céu e Daniel Belleza, além da performance singular do instrumentista Fernando Catatau.
A entourage se reflete no som, mais sofisticado -e sóbrio-, repleto de efeitos e texturas sonoras de diversos instrumentos. A principal referência, diz Felipe, foi a banda inglesa Stereolab, mas também há ecos de conterrâneos pernambucanos, como o Mundo Livre S/A, essencialmente pelo vocal de Felipe, que cada vez mais remete ao de Fred 04. "Com certeza tenho influência. Ele sempre me chamou muito a atenção pelas suas letras."
Na essência, os meninos são os mesmos. Prova disso é que, como o anterior, em algumas semanas o CD estará disponível para down- load gratuito na internet, licenciado sob Creative Commons (que permite determinados usos sem pagamento de copyright).
Foi da internet, aliás, que veio o nome "Homem-Espuma", sugerido por uma lista na comunidade da banda no site Orkut. "Tínhamos um prazo para terminar o CD e não sabíamos como ia chamar. A Trama disse que sairia sem nome", lembra Felipe. "Escolhemos na lista e saiu esse. Queríamos um que tivesse uma conectividade meio abstrata, tipo Mombojó, que não significa nada."
"Homem-Espuma" é também o nome de uma singela faixa escrita por Felipe, na qual ele compara o homem com uma espuma do mar "que navega pela superfície das águas...". "A música fala da fragilidade num sentido meio "carpe diem", de você aproveitar as coisas enquanto você pode." No caso do Mombojó, este é o momento.


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