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Crítica/Quarteto Waldstein
Jovem quarteto apresenta programa coerente e energético
Interpretação de "Quarteto Imperador", de Haydn, foi o destaque da apresentação dos alemães anteontem em SP
SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Haydn (1732-1809) estabeleceu a tese; Mozart (1756-1791), a antítese; e Beethoven (1770-1827), a síntese. Essa foi a lógica
do programa apresentado pelos
alemães do Quarteto Waldstein, no teatro Alfa, na segunda-feira passada, como parte da
temporada internacional do
Mozarteum Brasileiro.
Gernot Süssmuth trocar de
lugar com a energética Mirijam
Contzen para fazer o primeiro
violino no "Quarteto K 421", de
Mozart, ajudou a criar sonoridade diferente para a peça.
No programa do Waldstein,
essa obra foi a que mais demorou a engrenar (alguns problemas de afinação no início), mas
valeu a pena esperar pelo tema
com variações (destaque para o
solo de viola de Ulrich Eichenauer). Uma sutileza: nos últimos compassos, Mozart resgata a linha de baixo que o violoncelista Peter Hörr havia apresentado no início da música.
O "Quarteto Imperador op.
76 nº 3", de Haydn, foi a interpretação mais perfeita da noite.
Genial "duelo" entre os violinos
de Contzen e Süssmuth no
"Presto", incrível "musette"
(dança com uma nota soando
em "pedal", como numa gaita
de foles) no movimento inicial,
e ótimo "Menuetto".
Mas quem conhece o "Imperador" aguarda mesmo pelo segundo movimento, cuja melodia tornou-se o Hino da Alemanha. Haydn constrói o trecho
de modo que -a cada variação- o tema seja exposto por
um membro diferente do quarteto (segundo violino, violoncelo, viola, primeiro violino).
Se a forma "tema variado"
surge em movimentos específicos de Haydn e Mozart, no
"Quarteto op. 59 nº 2", de Beethoven, tudo é, de algum modo,
"variação".
Aqui a arte do Waldstein
-cujo nome remete a uma famosa sonata de Beethoven-
atingiu momentos especiais,
como na sonoridade dos acordes do "Adagio", nas imitações
do "Scherzo" e no ousado andamento do "Finale".
Os acordes
do início pareciam ter saído do
"Presto", de Haydn, e até a tonalidade reforçou a coerência
do programa, fechando uma
"escala ascendente": dó maior
(Haydn), ré menor (Mozart) e
mi menor (Beethoven).
O Waldstein é formado por
músicos experientes que fazem
música quente, mas é jovem
para um quarteto de cordas (estreou em 2008). A maturidade
camerística que ainda falta certamente virá em pouco tempo e
será ótimo se pudermos ouvi-los novamente em breve.
QUARTETO WALDSTEIN
Avaliação: bom
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